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PDT x PT
Governador do Rio abranda críticas e acusa apenas grupo de Santana
Garotinho demite 15, mas
PT "light" fica no governo
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
A ruptura entre o governador
Anthony Garotinho (PDT) e uma
parte do PT fluminense culminou
ontem com a exoneração de cerca
de 15 funcionários indicados para
os cargos pelo deputado federal
Carlos Santana (PT), entre eles o
secretário de Transportes, Raul de
Bonis, e vários diretores da área
de transportes.
Garotinho, porém, recuou em
suas declarações: disse que, na última sexta-feira, ao falar do PT como "Partido da Boquinha" (interessado em cargos), não se referia
a todo o partido, mas apenas ao
grupo de Santana.
"O que eu disse eu repito. A
conduta desse grupo é fisiológica.
Quando eu disse essa frase, e repito, eu disse, esses setores do PT
deviam sair do PT e ir para o "Partido da Boquinha". Eu não disse o
PT. Eu disse esses seguidores."
O líder petista Luiz Inácio Lula
da Silva criticou ontem, em São
Paulo, a decisão do partido.
"Se o PT decidiu sair do governo, eu acho que agiu de forma irresponsável. Desde o começo do
governo Garotinho, eu tenho
ponderado com o PT do Rio que
era preciso negociar com o governador como partido político e
não pessoalmente", disse.
Garotinho declarou que resolveu exonerar o grupo de Santana
anteontem à noite, quando soube
do comportamento do deputado
na convenção petista -o grupo
do deputado defendeu, e a convenção aprovou, a entrega dos
cargos petistas no governo.
"Eu não posso admitir que pessoas que estejam participando da
administração fiquem fazendo jogo duplo. Antes que as pessoas ligadas ao deputado colocassem os
cargos à disposição, tomei a liberdade de exonerá-los. É uma resposta ao deputado Carlos Santana, para ele saber que no Estado
do Rio de Janeiro tem governo."
Garotinho disse que não esperaria carta de demissão. "Quem tá
pensando que vai ficar no meu
governo fabricando crise, fazendo
fofoca, não precisa nem pedir demissão. Foi demitido hoje. Ninguém aqui vai fazer bagunça",
disse. Segundo ele, o PT como um
todo tinha 250 cargos.
Carlos Santana ameaçou ontem
cassar, por meio do Diretório Regional do PT no Rio, os direitos
partidários dos demais petistas
que permanecerem no governo.
O governador disse que "não há
crise no governo, a crise é do PT",
e que não vai permitir que essa
crise interfira no governo.
"Eu não posso viver entre esse
dilema de um PT que me ama e
um que me odeia. Isso é um dilema freudiano. Isso não é para
mim, eu tenho que administrar o
Estado. Eu fico com o PT que me
ama. O PT que me odeia vá cuidar
da vida dele", afirmou.
Segundo Garotinho, a vice-governadora Benedita da Silva, os
secretários Antônio Pitanga
(Ação Social), Jorge Bittar (Planejamento) e Gilberto Palmares
(Trabalho), todos da corrente petista Articulação, considerada
""light", lhe disseram que pretendem continuar no governo.
Garotinho tomou café ontem
com Benedita, Pitanga e Bittar.
Disse que foi informado por eles
da decisão de recorrer ao Diretório Nacional do PT para permanecer no governo e que a aliança
-pelo menos com essa parte do
partido- se mantém.
O governador afirmou ter conversado ontem de manhã pelo telefone com presidente nacional
do PT, José Dirceu, e disse que este "compreendeu perfeitamente"
o conteúdo de suas declarações.
Segundo Garotinho, a aliança
"com esse PT que tem uma postura construtiva" está mantida.
"A aliança não foi fisiológica, foi
programática. Não estamos discutindo um carguinho aqui, um
carguinho ali. A resposta que eu
tenho que dar à convenção do PT
é que aqueles que lá pediram a
ruptura estão saindo hoje."
Colaborou a Reportagem Local.
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