São Paulo, Terça-feira, 26 de Outubro de 1999
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PDT x PT
Novo presidente diz que diretório pode cassar direitos partidários de quem ficar no governo de Garotinho
Petista ameaça punir permanência

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Novo presidente do PT no Estado do Rio, o deputado federal Carlos Santana deu ontem um aviso aos petistas que permanecerem no governo Garotinho: eles terão os direitos partidários cassados pelo Diretório Regional.
Na prática, a cassação dos direitos partidários significa a proibição de o político punido integrar órgãos de comando, como executivas e diretórios, e até mesmo concorrer em eleições.
O recado de Santana tem como alvos os secretários estaduais Jorge Bittar (Planejamento), Antônio Pitanga (Ação Social, Esporte e Lazer) e Gilberto Palmares (Trabalho).
Vinculados à Articulação -facção derrotada na convenção regional pela Opção Popular, grupo comandado por Santana-, os secretários se mantiveram ontem nos cargos, apesar de a convenção ter decidido pela saída dos petistas do governo estadual.
A vice-governadora do Estado do Rio, Benedita da Silva, foi excluída por Santana da relação de petistas que, segundo ele, devem deixar o governo. "Ela foi eleita pelo povo, não ocupa cargo de confiança. Querendo ou não, ela é a nossa vice-governadora, eleita pela sociedade", disse Santana.
A punição aos secretários também é defendida pelo deputado federal Milton Temer, líder de uma terceira facção do PT, a Refazendo. "O estatuto é claro, ao prever a suspensão de quem fere decisões das instâncias do partido. O partido deliberou a entrega imediata dos cargos. Então, eles têm que entregar. Se não entregar, punição", disse o deputado.
Líder ferroviário, deputado há três legislaturas, Santana, 38, afirmou que ainda esta semana pretende apresentar a Garotinho a lista de petistas em cargos comissionados no governo.
Santana disse que conseguiu nomear 17 petistas no governo estadual, entre eles Raul de Bonis, demitido ontem por Garotinho do cargo de secretário dos Transportes. Todos os que indicou trabalham na Secretaria dos Transportes, disse o novo presidente do PT no Rio.
Santana procurou minimizar as críticas que lhe foram dirigidas ontem por Garotinho. "Entendemos que o governador está com o lado emocional forte no atual momento", disse.
Hoje, Santana encontra às 11h o ex-governador Leonel Brizola, principal liderança do PDT. Ele pretende agendar reuniões com os comandos dos demais partidos da aliança que elegeu Garotinho (PSB, PC do B e PCB).
O secretário exonerado Raul de Bonis criticou Garotinho. Ele disse que teve dificuldades no relacionamento com o Executivo e no desenvolvimento de projetos na Secretaria de Transportes.
Bonis afirmou que já estava disposto a entregar o cargo, em respeito à decisão da convenção.
Para o lugar dele, Garotinho nomeou, provisoriamente, o diretor do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), Henrique Alberto Ribeiro, do PDT.
O presidente nacional do PT, José Dirceu (SP), disse ontem que há uma "celeuma" em torno da decisão tomada pelo diretório do Rio. Segundo sua interpretação, a resolução tirada não foi a de deixar o governo de Garotinho, mas a de entregar os cargos para tentar estabelecer um novo diálogo. "A decisão é a de colocar o cargo em disponibilidade e continuar apoiando o governo."


Colaboraram a Sucursal do Rio e a Reportagem Local


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