São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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PAINEL

Ou eu ou ele
Itamar Franco mandou um recado à cúpula governista do PMDB. Se perder as prévias do partido, marcadas para janeiro, o governador mineiro apoiará Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno de 2002.

Sem armação
O recado foi a resposta de Itamar à articulação feita pela cúpula do PMDB para lançar um candidato governista nas prévias, Michel Temer ou Jarbas Vasconcelos. Nomes que não teriam chances na eleição e serviriam só para tirá-lo da disputa.

Próximo alvo
Tasso Jereissati jantou sigilosamente anteontem com Aécio Neves em Brasília. O tucano, que cancelou compromissos em SP para conversar com o presidente da Câmara, está montando uma agenda de visitas a MG.

Das duas, uma
De Antero Paes (PSDB-MT), no jantar de anteontem da bancada tucana com José Serra, sobre o partido deixar para definir seu candidato a presidente apenas em março: "Ou somos uns gênios e os outros partidos são idiotas, ou é o contrário".

Reinado cearense
A bancada do PSDB na Assembléia do Ceará vive uma situação inusitada. Faz circular um abaixo-assinado com o seguinte pedido: uma simples audiência com o governador do próprio partido, Tasso Jereissati.

Cordão sanitário
A distância que Tasso mantém de seus deputados é uma estratégia que já tem até apelido: "estilo Cambeba (nome do palácio do governo)". Os deputados são atendidos apenas pelo secretário de Governo, Assis Machado.

Risco verdadeiro
Justificativa de Carlos Patrocínio (PTB-TO) para absolver Luiz Otávio, que, antes de assumir o mandato, assinou notas frias para receber um financiamento público: "Seria um precedente muito perigoso. Poderia haver uma enxurrada de processos contra parlamentares".

Flecha preta
Roberto Freire, presidente do PPS, romperá com FHC, segundo piada contada por senadores de oposição. Motivo: não foi chamado para integrar a comitiva do tucano na Europa, da qual fazem parte vários governistas.

Casal 120
O Tribunal de Contas da União e a Secretaria Federal de Controle investigam a contratação de um casal de consultores para administrar o programa Faixa de Fronteira, que vai liberar R$ 120 milhões no ano que vem para os Estados limítrofes.

Força total
Os dois consultores tocam, ao mesmo tempo, a fiscalização e a liberação de recursos do programa. Tiveram seus contratos prorrogados a fórceps pelo ministro interino, Pedro Augusto Sanguinetti (Integração Nacional), que atropelou até um decreto presidencial.

Notícia exclusiva
O PSB começa a distribuir hoje no Rio de Janeiro o primeiro número do seu jornal, que terá 20 mil exemplares. A manchete revela uma tendência favorável a Anthony Garotinho na eleição presidencial que nenhuma pesquisa de opinião foi capaz de detectar: "Rumo à vitória".

Verba urgente
O senador Fernando Ribeiro (PA), que assumiu a vaga do peemedebista Jader Barbalho, antecipou a sua posse para ontem para poder apresentar emendas ao Orçamento da União. O prazo para a entrega das emendas acaba hoje.

Apoio privado
Marta Suplicy (PT-SP) criou ontem uma comissão para tentar obter o patrocínio de empresas privadas para projetos sociais da prefeitura paulistana. O Fórum Empresarial de Apoio a São Paulo será coordenado por Jorge Luiz Numa Abrahão.

TIROTEIO

Do advogado Fábio Konder Comparato, comentando o fato de FHC criticar a supremacia norte-americana após passar sete anos cumprindo o receituário de Washington:
- A essa altura, procurar coerência no discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso é pedir demais.

CONTRAPONTO

Tradução popular

Nos anos 60, o governador Aluízio Alves resolveu apoiar o monsenhor Walfredo Gurgel para a sua sucessão no Rio Grande do Norte. Foi um problema convencer a igreja a liberar o candidato. Após muita negociação, intermediada por outro monsenhor, Antônio Samoré, a campanha foi para as ruas. Mas o slogan - "Foi Deus quem mandou monsenhor Walfredo para governador" - não empolgava o eleitorado.
De repente, num comício em Pau dos Ferros, no interior do Estado, no meio de uma monótona pregação do monsenhor, um homem aparentemente alcoolizado começou a gritar, levantando a multidão:
- É o padre! É o padre! É o padre!
A igreja descobriu que, pelo menos na política, a figura do padre tem mais importância que a do monsenhor. Walfredo venceu o adversário.


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