São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Presidente almoça a bordo com lideranças partidárias

FHC admite necessidade de acertar ponteiros da aliança

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O presidente Fernando Henrique Cardoso almoçou a eleição de 2002 no seu vôo de ontem entre Brasília e Madri e chegou à capital espanhola dizendo que seria "melhor se a viagem tornasse possível acertar os ponteiros entre os três partidos da coalizão governista".
O almoço, a bordo do avião da TAM, reuniu os presidentes do PMDB, Michel Temer, do PSDB, José Aníbal, e do PFL, Jorge Bornhausen, convidados por FHC a acompanhá-lo na viagem a Madri e a Paris, etapa seguinte.
Ao instalar-se na embaixada brasileira em Madri, pouco depois das 22h de ontem (18h em Brasília), o presidente brincou: "Você acha que, sem ter terra firme, vai se discutir uma coisa dessas (a sucessão presidencial)?".
Justificou o convite com a necessidade de exibir internacionalmente o respaldo "conjunto dos que apóiam o governo e, diria mais, do próprio país diante das circunstâncias internacionais".
Para FHC, o Brasil precisa ter "posições afirmativas: primeiro repudiar o terrorismo e, segundo, demonstrar que, embora não haja nenhuma relação direta entre as desigualdades do mundo e o terrorismo, porque o terrorismo é um mal em si, temos de combater essas desigualdades".
FHC reconheceu, no entanto, que conversara sobre política com os três presidentes de partidos, mas preferiu dizer que, "no momento apropriado, eles se juntarão com propriedade".
Na verdade, juntaram-se ontem mesmo a bordo. Os quatro ficaram uma hora e meia conversando sobre sucessão e ainda esticaram o papo por outra meia hora, agora com a presença também dos ministros Pimenta da Veiga (Comunicações), Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) e Celso Lafer (Relações Exteriores).
"O propósito desta conversa e das outras que teremos nos próximos dias é avançar na convergência entre os três partidos", disse o deputado José Aníbal.
Para ele, foi apenas um começo de conversa. Daqui para a frente é que ele, Temer e Bornhausen tratarão de discutir a sucessão de "uma forma mais focada".
José Aníbal acha que a convergência teria até avançado mais "não fossem as dificuldades do Michel", em alusão ao fato de que o presidente do PMDB teve contestada no partido até a decisão de aceitar o convite de viajar com Fernando Henrique.
O presidente iniciou ontem a viagem de uma semana para a Espanha e a França levando uma comitiva de dez pessoas. Na Espanha, FHC vai participar da Conferência sobre Transição e Consolidação Democrática e na França discursará na Assembléia Nacional, o Parlamento local.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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