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Bastos isenta o PT de culpa na compra de dossiê
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, isentou ontem o PT de qualquer responsabilidade na negociação, comandada por emissário petistas, para a compra do dossiê
contra políticos tucanos.
"É claro que não foi. É evidente que não foi o PT. Não há
nenhuma indicação disso. Foram pessoas que montaram um
"grupo de inteligência" e fizeram isso", afirmou Bastos.
A quebra de cerca de 800 sigilos telefônicos, como parte
fundamental da investigação
sobre os responsáveis pela
compra do dossiê, revelou a
existência de 380 mil ligações
realizadas ou recebidas pelo
Palácio do Planalto, em comunicação com pessoas direta ou
indiretamente investigadas pela Polícia Federal.
Diante da estatística, Bastos
disse: "Essas pessoas [que comandaram a negociação do
dossiê] não são bandidos que
vieram de Marte, são pessoas
que estavam ligadas ao Partido
dos Trabalhadores. Então, é natural que eles ligassem para
pessoas do PT. O importante é
não tirar isso de contexto, tratando [a informação] da maneira mais correta possível", disse
o ministro, que não deve continuar no governo caso Lula seja
reeleito no domingo.
Bastos participou ontem, em
Brasília, de solenidade na qual
tomaram posse os delegados
Romero Menezes, como superintendente da PF para o Distrito Federal, Aldair da Rocha,
como chefe do COT (Comando
de Operações Táticas), e Daniel
Sampaio, que assumiu a Coordenação Geral de Defesa Institucional.
Críticas naturais
Apontado pela oposição como "advogado criminalista do
governo", Bastos disse achar
"natural", em época eleitoral,
as críticas disparadas pelo vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungman (PPS-PE), que acusa a PF de sonegar
informações da comissão.
"Falar é uma coisa. Mas me
mostrem um fato, uma prova.
Não existe nada. É uma investigação séria, extensa, difícil, que
não pode e não vai ser distorcida pela paixão eleitoral daqueles que estão perdendo a eleição", disse Bastos.
Preparo
Na solenidade, o ministro,
em tom ainda mais eloqüente
do que em outras ocasiões, elogiou a atuação da PF, ao final
destes quatro anos do governo
Lula, quando teria se consolidado como polícia de "Estado e
não de governo".
E falou também sobre o preparo da instituição para um novo mandato petista à frente do
governo federal.
"Estamos preparados para
continuar nesta luta. Neste momento eleitoral, em que as paixões crepitam, no momento em
que se trava uma luta em uma
temperatura muito alta, a PF
soube cumprir sua responsabilidade, de fazer sua investigação em tempo própria, não no
tempo eleitoral".
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