São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Bastos isenta o PT de culpa na compra de dossiê

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, isentou ontem o PT de qualquer responsabilidade na negociação, comandada por emissário petistas, para a compra do dossiê contra políticos tucanos.
"É claro que não foi. É evidente que não foi o PT. Não há nenhuma indicação disso. Foram pessoas que montaram um "grupo de inteligência" e fizeram isso", afirmou Bastos.
A quebra de cerca de 800 sigilos telefônicos, como parte fundamental da investigação sobre os responsáveis pela compra do dossiê, revelou a existência de 380 mil ligações realizadas ou recebidas pelo Palácio do Planalto, em comunicação com pessoas direta ou indiretamente investigadas pela Polícia Federal.
Diante da estatística, Bastos disse: "Essas pessoas [que comandaram a negociação do dossiê] não são bandidos que vieram de Marte, são pessoas que estavam ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Então, é natural que eles ligassem para pessoas do PT. O importante é não tirar isso de contexto, tratando [a informação] da maneira mais correta possível", disse o ministro, que não deve continuar no governo caso Lula seja reeleito no domingo.
Bastos participou ontem, em Brasília, de solenidade na qual tomaram posse os delegados Romero Menezes, como superintendente da PF para o Distrito Federal, Aldair da Rocha, como chefe do COT (Comando de Operações Táticas), e Daniel Sampaio, que assumiu a Coordenação Geral de Defesa Institucional.

Críticas naturais
Apontado pela oposição como "advogado criminalista do governo", Bastos disse achar "natural", em época eleitoral, as críticas disparadas pelo vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungman (PPS-PE), que acusa a PF de sonegar informações da comissão.
"Falar é uma coisa. Mas me mostrem um fato, uma prova. Não existe nada. É uma investigação séria, extensa, difícil, que não pode e não vai ser distorcida pela paixão eleitoral daqueles que estão perdendo a eleição", disse Bastos.

Preparo
Na solenidade, o ministro, em tom ainda mais eloqüente do que em outras ocasiões, elogiou a atuação da PF, ao final destes quatro anos do governo Lula, quando teria se consolidado como polícia de "Estado e não de governo".
E falou também sobre o preparo da instituição para um novo mandato petista à frente do governo federal.
"Estamos preparados para continuar nesta luta. Neste momento eleitoral, em que as paixões crepitam, no momento em que se trava uma luta em uma temperatura muito alta, a PF soube cumprir sua responsabilidade, de fazer sua investigação em tempo própria, não no tempo eleitoral".


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