São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Procuradoria investiga suposto "abafa" na PF

Ministério Público Federal quer saber se cúpula da polícia ajudou investigados a montar versão que preservasse campanha petista

Diretor-executivo da PF paulista é apontado como responsável por concentrar o caso nas mãos de policiais de confiança; ele nega


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A suposta operação montada pela Polícia Federal para tentar abafar o caso do dossiê -que envolve ex-membros do comitê eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva numa negociação frustrada de documentos contra candidatos tucanos- virou alvo de investigação criminal movida pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
Os procuradores que cuidam do controle externo das atividades da PF buscam saber se a cúpula do órgão ajudou os investigados a construir uma versão comum, que preservasse a campanha petista.
Um dos focos da Procuradoria é o diretor-executivo da PF paulista, Severino Alexandre, apontado como o intermediário de um encontro secreto entre investigados e ainda como o responsável pela concentração do caso nas mãos de policiais de confiança.
No dia 22 de setembro, a Folha revelou que o diretor-executivo da PF paulista, por orientação de Zulmar Pimentel -segundo homem na hierarquia da PF no país-, afastou da investigação o delegado Edmilson Bruno, que prendeu os petistas e apreendeu o dinheiro. Para o lugar de Bruno foi indicada uma delegada assistente de Severino Alexandre.
Pimentel é cotado a assumir o comando da PF num eventual segundo mandato de Lula.
Há duas semanas, na revista "Veja", o diretor-executivo foi citado como o responsável por um encontro secreto entre Freud Godoy, ex-segurança de Lula, e o preso Gedimar Passos, ex-policial contratado pelo PT para comprar o dossiê.
Neste encontro, Gedimar teria sido convencido a inocentar Freud de qualquer participação no caso.
Quando foi preso no dia 15 de setembro com R$ 1,7 milhão em dinheiro, Gedimar disse à polícia que agiu "a mando" de Freud. Ele só retirou a acusação no último dia 3, quando responsabilizou o delegado Bruno pela inclusão do nome de Freud na investigação.
A Procuradoria irá ouvir os policiais que estavam de plantão no dia do suposto encontro.

O que a PF diz
A PF paulista afirmou que nunca existiu uma operação para abafar o escândalo do dossiê. Disse que, ao contrário, coube à própria PF iniciar o caso com a prisão de petistas.
Sobre o delegado Bruno, informou que o policial não foi afastado, mas atuou como plantonista num final de semana. Disse ainda que o diretor-executivo nunca intermediou um encontro secreto entre Freud e Gedimar.
A PF também instaurou um inquérito para apurar o eventual apuração abafa. O procedimento corre em sigilo.


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