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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Procuradoria investiga suposto "abafa" na PF
Ministério Público Federal quer saber se cúpula da polícia ajudou investigados a montar versão que preservasse campanha petista
Diretor-executivo da PF paulista é apontado como responsável por concentrar o caso nas mãos de policiais de confiança; ele nega
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A suposta operação montada
pela Polícia Federal para tentar
abafar o caso do dossiê -que
envolve ex-membros do comitê eleitoral de Luiz Inácio Lula
da Silva numa negociação frustrada de documentos contra
candidatos tucanos- virou alvo de investigação criminal
movida pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
Os procuradores que cuidam
do controle externo das atividades da PF buscam saber se a
cúpula do órgão ajudou os investigados a construir uma versão comum, que preservasse a
campanha petista.
Um dos focos da Procuradoria é o diretor-executivo da PF
paulista, Severino Alexandre,
apontado como o intermediário de um encontro secreto entre investigados e ainda como o
responsável pela concentração
do caso nas mãos de policiais
de confiança.
No dia 22 de setembro, a Folha revelou que o diretor-executivo da PF paulista, por
orientação de Zulmar Pimentel
-segundo homem na hierarquia da PF no país-, afastou da
investigação o delegado Edmilson Bruno, que prendeu os petistas e apreendeu o dinheiro.
Para o lugar de Bruno foi indicada uma delegada assistente
de Severino Alexandre.
Pimentel é cotado a assumir
o comando da PF num eventual segundo mandato de Lula.
Há duas semanas, na revista
"Veja", o diretor-executivo foi
citado como o responsável por
um encontro secreto entre
Freud Godoy, ex-segurança de
Lula, e o preso Gedimar Passos,
ex-policial contratado pelo PT
para comprar o dossiê.
Neste encontro, Gedimar teria sido convencido a inocentar
Freud de qualquer participação no caso.
Quando foi preso no dia 15 de
setembro com R$ 1,7 milhão
em dinheiro, Gedimar disse à
polícia que agiu "a mando" de
Freud. Ele só retirou a acusação no último dia 3, quando
responsabilizou o delegado
Bruno pela inclusão do nome
de Freud na investigação.
A Procuradoria irá ouvir os
policiais que estavam de plantão no dia do suposto encontro.
O que a PF diz
A PF paulista afirmou que
nunca existiu uma operação
para abafar o escândalo do dossiê. Disse que, ao contrário,
coube à própria PF iniciar o caso com a prisão de petistas.
Sobre o delegado Bruno, informou que o policial não foi
afastado, mas atuou como
plantonista num final de semana. Disse ainda que o diretor-executivo nunca intermediou
um encontro secreto entre
Freud e Gedimar.
A PF também instaurou um
inquérito para apurar o eventual apuração abafa. O procedimento corre em sigilo.
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