São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PARÁ

Como Lula, petista usa privatizações contra PSDB

Líder nas pesquisas, Ana Júlia diz que, se eleito, Almir Gabriel vai privatizar Banpará

Senadora diz que não existe constrangimento no fato de ter recebido apoio de Jader Barbalho, padrinho político de rival, à sua candidatura


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

No segundo turno da disputa pelo governo do Pará, a senadora Ana Júlia Carepa (PT), 48, tenta colar o rótulo de privatista em seu adversário, Almir Gabriel (PSDB), repetindo a estratégia do PT contra o PSDB na eleição presidencial.
Em entrevista à Folha, ela disse que, se eleito, Gabriel dará prosseguimento à política de privatizações do atual governador, o tucano Simão Jatene. Segunda colocada no primeiro turno, Ana Júlia aparece agora na liderança da disputa.
Segundo pesquisa do Ibope divulgada no último dia 13, Ana Júlia está com 56% das intenções de voto contra 44% de Gabriel, considerando apenas os votos válidos. Leia os principais trechos da entrevista.

 

FOLHA - A que a sra. atribui o crescimento que teve nas pesquisas no segundo turno?
ANA JÚLIA CAREPA -
O atual grupo que governa o Estado há 12 anos não correspondeu nas principais políticas públicas. O Pará tem 25% do povo na capital. O restante da população está espalhado, e eles não deram atenção às regiões. Fizeram obras muito concentradas em Belém, que atingiram principalmente a classe média. Eles não conseguiram distribuir renda. A política deles é concentradora.

FOLHA - Caso seja eleita e Lula seja reeleito, qual será sua principal demanda ao governo federal?
ANA JÚLIA -
Vamos precisar de recursos para a segurança, saúde, educação, saneamento. O mais importante é que temos um projeto político semelhante ao do presidente -enquanto o BNDES, no governo Fernando Henrique Cardoso, não financiava hospital nem estrada, só financiava as privatizações. Como o Almir Gabriel, que privatizou a Celpa [Centrais Elétricas do Pará], e, se eleito, privatizaria o Banpará.

FOLHA - A estratégia de associar a imagem do PSDB às privatizações está sendo usada também no Pará?
ANA JÚLIA -
Não é estratégia. Trata-se de mostrar o Pará real.

FOLHA - O PMDB vai ter participação em um eventual governo seu?
ANA JÚLIA -
Todos que estão conosco hoje farão parte do governo dentro da nossa proposta. Fomos durante um tempo oposição [ao PMDB], o que é natural na política. Minha trajetória política é muito diferente da do candidato Almir. Ele é cria política do Jader Barbalho.

FOLHA - Jader Barbalho, no entanto, apóia a sua candidatura e a de Lula. Isso causou problemas em relação à militância do seu partido?
ANA JÚLIA -
Eu recebo o apoio do PMDB como recebo do PSOL e de lideranças do PSDB. O que é diferente é que eu não fui apadrinhada por Jader Barbalho. Não tem nenhum tipo de constrangimento por estar recebendo o apoio do PMDB.

FOLHA - O Pará tem um histórico de conflitos fundiários. Como a sra. pretende atuar neste assunto?
ANA JÚLIA -
Nós vamos fazer a regularização fundiária nas terras do Estado e serei parceira do governo federal para ajudar nos assentamentos. O Estado tem que ser mediador dos conflitos, e não um incentivador.


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