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ELEIÇÕES 2006 / PARÁ
Como Lula, petista usa privatizações contra PSDB
Líder nas pesquisas, Ana Júlia diz que, se eleito, Almir Gabriel vai privatizar Banpará
Senadora diz que não existe constrangimento no fato de ter recebido apoio de Jader Barbalho, padrinho político de rival, à sua candidatura
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
No segundo turno da disputa
pelo governo do Pará, a senadora Ana Júlia Carepa (PT), 48,
tenta colar o rótulo de privatista em seu adversário, Almir Gabriel (PSDB), repetindo a estratégia do PT contra o PSDB na
eleição presidencial.
Em entrevista à Folha, ela
disse que, se eleito, Gabriel dará prosseguimento à política de
privatizações do atual governador, o tucano Simão Jatene.
Segunda colocada no primeiro turno, Ana Júlia aparece
agora na liderança da disputa.
Segundo pesquisa do Ibope divulgada no último dia 13, Ana
Júlia está com 56% das intenções de voto contra 44% de Gabriel, considerando apenas os
votos válidos. Leia os principais trechos da entrevista.
FOLHA - A que a sra. atribui o crescimento que teve nas pesquisas no
segundo turno?
ANA JÚLIA CAREPA - O atual grupo
que governa o Estado há 12
anos não correspondeu nas
principais políticas públicas.
O Pará tem 25% do povo na
capital. O restante da população está espalhado, e eles não
deram atenção às regiões.
Fizeram obras muito concentradas em Belém, que atingiram principalmente a classe
média.
Eles não conseguiram distribuir renda. A política deles é
concentradora.
FOLHA - Caso seja eleita e Lula seja
reeleito, qual será sua principal demanda ao governo federal?
ANA JÚLIA - Vamos precisar de
recursos para a segurança, saúde, educação, saneamento. O
mais importante é que temos
um projeto político semelhante
ao do presidente -enquanto o
BNDES, no governo Fernando
Henrique Cardoso, não financiava hospital nem estrada, só
financiava as privatizações. Como o Almir Gabriel, que privatizou a Celpa [Centrais Elétricas do Pará], e, se eleito, privatizaria o Banpará.
FOLHA - A estratégia de associar a
imagem do PSDB às privatizações
está sendo usada também no Pará?
ANA JÚLIA - Não é estratégia.
Trata-se de mostrar o Pará real.
FOLHA - O PMDB vai ter participação
em um eventual governo seu?
ANA JÚLIA - Todos que estão conosco hoje farão parte do governo dentro da nossa proposta. Fomos durante um tempo
oposição [ao PMDB], o que é
natural na política. Minha trajetória política é muito diferente da do candidato Almir. Ele é
cria política do Jader Barbalho.
FOLHA - Jader Barbalho, no entanto, apóia a sua candidatura e a de
Lula. Isso causou problemas em relação à militância do seu partido?
ANA JÚLIA - Eu recebo o apoio
do PMDB como recebo do
PSOL e de lideranças do PSDB.
O que é diferente é que eu não
fui apadrinhada por Jader Barbalho. Não tem nenhum tipo de
constrangimento por estar recebendo o apoio do PMDB.
FOLHA - O Pará tem um histórico
de conflitos fundiários. Como a sra.
pretende atuar neste assunto?
ANA JÚLIA - Nós vamos fazer a
regularização fundiária nas terras do Estado e serei parceira
do governo federal para ajudar
nos assentamentos. O Estado
tem que ser mediador dos conflitos, e não um incentivador.
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