São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Tucano diz que vantagem de Lula não influi no Pará

Almir Gabriel culpa a reforma agrária do governo federal por problemas do Estado

"Eu não sou contra a reforma agrária, mas não tem por que o governo federal não dirigir a reforma agrária ao Estado de origem"


DA AGÊNCIA FOLHA

Para o ex-governador do Pará Almir Gabriel (PSDB), 74, que disputa novamente o cargo, a eleição presidencial pouco interfere na corrida estadual porque o eleitor sabe distinguir as diferentes esferas.
No Pará, PT e PSDB repetem a polarização da disputa presidencial, entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). No primeiro turno, Lula teve 51% dos votos válidos no Pará, contra 41% de Alckmin. Gabriel, que foi mais votado no primeiro turno, foi superado no segundo, segundo o Ibope, por Ana Júlia Carepa (PT), que teve apoio do PMDB.
O tucano criticou a reforma agrária do governo federal. Foi na gestão de Gabriel que ocorreu o massacre de Eldorado de Carajás. (SÍLVIA FREIRE)

 

FOLHA - A pesquisa Ibope indicou que o sr., no segundo turno, não conseguiu agregar novos apoios. ALMIR GABRIEL - Pesquisa é pesquisa, e eleição é eleição. No Pará, tínhamos cinco projetos diferentes. Quando se reduz a dois, se estabelece outro nível de raciocínio. Não dá para dizer que o outro lado tem a totalidade dos votos [dos derrotados]. Para mim, isso pouco interfere. Temos que trabalhar, mostrar que nosso projeto é melhor, que temos mais experiência.

FOLHA - O PSDB está no governo há 12 anos. O que o sr. trará de novo?
GABRIEL -
Os três anos e meio que fiquei fora da administração serviram para refletir muito sobre o Brasil e o Pará. Só aceitei a idéia de voltar ao governo porque tenho ao menos 40 novos projetos para o Estado. Se fosse apenas para repetir, eu não topava a parada.

FOLHA - Quais são esses projetos?
GABRIEL -
Na área social, a gente tem possibilidade de levar adiante o projeto que estamos apelidando de coesão social. Na inclusão social, em resumo, você trata com o próximo; na coesão social, trata com o irmão. São conceitos filosóficos diferentes e políticos também.

FOLHA - Como é esta diferença?
GABRIEL -
Na questão da segurança pública todos pensam em colocar mais policiais, mais armamento, com a idéia da coerção. No nosso projeto, vamos trabalhar com as crianças de famílias de alto risco, levando-as para escolas de tempo integral.

FOLHA - De que forma os candidaturas de Lula e Alckmin se refletem na eleição no Estado?
GABRIEL -
Reflete pouco. Na eleição do governador Simão Jatene, houve a chamada onda Lula aqui no Pará. No entanto, o povo continuou aprovando o nosso projeto. Existe influência, mas o povo consegue fazer a diferença entre os projetos.

FOLHA - O Pará tem histórico de conflitos agrários. Como o sr. vai lidar com essas questões?
GABRIEL -
Não sou contra a reforma agrária, mas não tem por que o governo federal não dirigir a reforma agrária para o Estado de origem. Por que tem que migrar para a Amazônia? Depois é o governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, que reclama das queimadas... Mas qual instrumento o colono tem para atuar na mata? É o próprio governo federal que cria problema.


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