São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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Lula "toca" violino com aposentados e critica falta de reajuste a servidor

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou ontem a falta de um aumento linear para o funcionalismo público durante os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e, sem fazer promessas, anunciou a criação de um fórum para discussão de política previdenciária.
As críticas foram feitas durante um café da manhã com cerca de 60 sindicalistas aposentados na sede da Ama (Associação dos Metalúrgicos Aposentados), em São Bernardo do Campo (SP).
Na ocasião, a pedido dos fotógrafos, Lula empunhou um violino de um músico que tocava no evento. Na sequência, o petista quis devolver o instrumento musical ao seu dono, mas todos pediram para que ele mantivesse o instrumento e simulasse que estava tocando. Depois de algumas tomadas, o presidente eleito disse: "Agora já chega". Em seguida, devolveu o violino ao músico.
O presidente eleito afirmou que "houve uma certa irresponsabilidade nessas coisas [na falta de reajuste salarial]. Desde o plano Verão, temos dito que seria melhor ter dado [o aumento] aos pouquinhos, do que não dar".
Durante a gestão de FHC, algumas categorias tiveram aumentos salariais, mas não houve um reajuste linear para todos os servidores. No Orçamento de 2003, está em discussão um aumento linear de 4%. Lula já avisou, em comício no dia 28 de setembro, que não poderá recuperar as perdas salariais de oito anos em apenas um.
Ao ser questionado sobre quando seria possível recuperar essas perdas, Lula disse que só responderia após ter acesso ao caixa da Previdência, o que, segundo ele, ainda não ocorreu.
"Pretendemos criar um fórum permanente de discussões com aposentados, funcionários, empresários e representantes do governo para definir uma nova proposta de Previdência", disse Lula.
Segundo ele, os oito anos sem reajuste poderão ser cobrados pelos servidores na Justiça, como foram cobradas as diferenças decorrentes da implantação de alguns planos econômicos.
"Se os sindicatos entrarem na Justiça, em oito ou dez anos terão uma decisão judicial e o governo terá de pagar tudo de uma só vez", afirmou o petista.
O fórum, segundo Lula, deverá discutir formas para aumentar a receita da Previdência.
"É igualzinho ao que a gente faz em casa. Antes de comprar uma geladeira, a mulher e o marido discutem para arrumar dinheiro", disse o presidente eleito.


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