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CORRENDO ATRÁS
Presidente sugere a ministros criação de uma espécie de "disque-povo"
Lula cobra mais eficiência
na liberação de verba social
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A LUZIÂNIA (GO)
Ao defender ontem o fato de ter
criado novos ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou, durante um discurso em
Luziânia (GO), que é necessário
maior eficiência para fazer chegar
a quem precisa os recursos dos
programas que ele anuncia.
Em janeiro, ao assumir, Lula
criou nove pastas -hoje são
35-, incluídas as cinco secretarias às quais conferiu status de
ministério. Com a reforma ministerial, anunciada para dezembro,
há a expectativa de que algumas
venham a ser extintas.
O enxugamento do número de
pastas é defendido, dentro do
próprio governo, pelo ministro
José Dirceu (Casa Civil), para agilizar a administração pública. O
xadrez da reforma ministerial,
porém, passa pela entrada do
PMDB no ministério.
Ontem, durante a abertura da 1ª
Conferência Nacional da Pesca,
em Luziânia, ele fez uma série de
elogios ao trabalho do ministro
José Fritsch, da Secretaria Nacional da Pesca, uma das pastas cuja
extinção era cogitada.
"Eu fui muito criticado na época
[da criação da Secretaria Nacional
da Pesca] porque muita gente que
escreve ou que fala na televisão
possivelmente acha que peixe voa
e cai no prato da gente. Eles não tinham a dimensão da totalidade
de vocês", disse, referindo-se aos
1.200 pescadores presentes.
Mais adiante, o presidente afirmou: "Nunca consegui entender
porque, num país com uma costa
marítima como a nossa, o Ministério da Pesca [na verdade é uma
secretaria com status de ministério] foi tratado como um item do
Ministério da Agricultura".
Lula defendeu a criação do Ministério do Turismo -que, antes,
era vinculado ao Ministério de Esportes. "Se é tão importante para
o nosso desenvolvimento, por
que não criar? E criamos. Criamos
e estou orgulhoso."
"Disque-Povo"
Lula pediu aos ministros que
instalem uma linha de telefone
para atender à população que
vem tentando buscar nos bancos
oficiais, sem sucesso, o dinheiro
das linhas de crédito que ele criou.
"Nem sempre que a gente anuncia a liberação de algum recurso
esse recurso chega com a pressa
que a gente gostaria que chegasse", disse. Para resolver o problema, o presidente sugeriu uma espécie de "disque-povo", uma "linha direta com o governo".
"Crie no seu ministério um telefone para que as pessoas que forem atrás do dinheiro que você
anunciou e não houver o dinheiro
tenham uma linha direta com o
governo", disse Lula a Fritsch.
"Isso vale para a pesca e para a
agricultura familiar. [...] Isso vale
para as outras áreas."
Para o presidente, a falta de agilidade na liberação de crédito para os mais pobres deve-se à falta
de hábito dos bancos de trabalhar
com essa parcela da população.
"É preciso preparar, reformular,
colocar mais gente, formar as pessoas. Uma coisa é atender a um
grã-fino que quer R$ 500 milhões,
outra é atender a um companheiro que quer R$ 500", declarou.
Se não houver agilidade, Lula
afirmou que ele mesmo ficará numa situação difícil. "Eu sou o presidente da República, e, ao anunciar essas coisas, elas têm que começar a acontecer porque, se não,
ficará difícil", afirmou.
Lula reafirmou que o país está
no caminho certo e que precisa
dar oportunidade à melhora de
vida dos mais pobres: "Eu vou fazer isso nos quatro anos. Este país
precisa de uma chance. Muitas
vezes a sorte se apresentou diante
do país e ela, por veleidades eleitorais, foi jogada fora".
Por fim, Lula disse que lutou para assumir a Presidência, mas ressaltou que não fará milagres: "Eu
sou presidente da República não
com o objetivo de fazer milagres,
porque estes só Deus é quem faz".
Bandeira
O porta-voz da Presidência, André Singer, afirmou ontem que
"não há nenhuma intenção da
Presidência da República de alterar a tradição segundo a qual a
presença do presidente nos palácios da Alvorada e do Planalto é
indicada pelo hasteamento do Pavilhão Presidencial".
Pela tradição republicana, a
bandeira do Palácio da Alvorada é
retirada do mastro quando o presidente se ausenta da residência
oficial. Quando Lula está no Palácio, ela fica sempre hasteada.
No final de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma reunião com os ministros petistas na Granja do Torto.
Mesmo não estando no Palácio da
Alvorada, a bandeira permaneceu
hasteada.
A Folha apurou que a ordem
para a bandeira ficar hasteada foi
do presidente, que queria despistar a imprensa.
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