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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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CORRENDO ATRÁS

Presidente sugere a ministros criação de uma espécie de "disque-povo"

Lula cobra mais eficiência na liberação de verba social

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A LUZIÂNIA (GO)

Ao defender ontem o fato de ter criado novos ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante um discurso em Luziânia (GO), que é necessário maior eficiência para fazer chegar a quem precisa os recursos dos programas que ele anuncia.
Em janeiro, ao assumir, Lula criou nove pastas -hoje são 35-, incluídas as cinco secretarias às quais conferiu status de ministério. Com a reforma ministerial, anunciada para dezembro, há a expectativa de que algumas venham a ser extintas.
O enxugamento do número de pastas é defendido, dentro do próprio governo, pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), para agilizar a administração pública. O xadrez da reforma ministerial, porém, passa pela entrada do PMDB no ministério.
Ontem, durante a abertura da 1ª Conferência Nacional da Pesca, em Luziânia, ele fez uma série de elogios ao trabalho do ministro José Fritsch, da Secretaria Nacional da Pesca, uma das pastas cuja extinção era cogitada.
"Eu fui muito criticado na época [da criação da Secretaria Nacional da Pesca] porque muita gente que escreve ou que fala na televisão possivelmente acha que peixe voa e cai no prato da gente. Eles não tinham a dimensão da totalidade de vocês", disse, referindo-se aos 1.200 pescadores presentes.
Mais adiante, o presidente afirmou: "Nunca consegui entender porque, num país com uma costa marítima como a nossa, o Ministério da Pesca [na verdade é uma secretaria com status de ministério] foi tratado como um item do Ministério da Agricultura".
Lula defendeu a criação do Ministério do Turismo -que, antes, era vinculado ao Ministério de Esportes. "Se é tão importante para o nosso desenvolvimento, por que não criar? E criamos. Criamos e estou orgulhoso."

"Disque-Povo"
Lula pediu aos ministros que instalem uma linha de telefone para atender à população que vem tentando buscar nos bancos oficiais, sem sucesso, o dinheiro das linhas de crédito que ele criou.
"Nem sempre que a gente anuncia a liberação de algum recurso esse recurso chega com a pressa que a gente gostaria que chegasse", disse. Para resolver o problema, o presidente sugeriu uma espécie de "disque-povo", uma "linha direta com o governo".
"Crie no seu ministério um telefone para que as pessoas que forem atrás do dinheiro que você anunciou e não houver o dinheiro tenham uma linha direta com o governo", disse Lula a Fritsch.
"Isso vale para a pesca e para a agricultura familiar. [...] Isso vale para as outras áreas."
Para o presidente, a falta de agilidade na liberação de crédito para os mais pobres deve-se à falta de hábito dos bancos de trabalhar com essa parcela da população.
"É preciso preparar, reformular, colocar mais gente, formar as pessoas. Uma coisa é atender a um grã-fino que quer R$ 500 milhões, outra é atender a um companheiro que quer R$ 500", declarou.
Se não houver agilidade, Lula afirmou que ele mesmo ficará numa situação difícil. "Eu sou o presidente da República, e, ao anunciar essas coisas, elas têm que começar a acontecer porque, se não, ficará difícil", afirmou.
Lula reafirmou que o país está no caminho certo e que precisa dar oportunidade à melhora de vida dos mais pobres: "Eu vou fazer isso nos quatro anos. Este país precisa de uma chance. Muitas vezes a sorte se apresentou diante do país e ela, por veleidades eleitorais, foi jogada fora".
Por fim, Lula disse que lutou para assumir a Presidência, mas ressaltou que não fará milagres: "Eu sou presidente da República não com o objetivo de fazer milagres, porque estes só Deus é quem faz".

Bandeira
O porta-voz da Presidência, André Singer, afirmou ontem que "não há nenhuma intenção da Presidência da República de alterar a tradição segundo a qual a presença do presidente nos palácios da Alvorada e do Planalto é indicada pelo hasteamento do Pavilhão Presidencial".
Pela tradição republicana, a bandeira do Palácio da Alvorada é retirada do mastro quando o presidente se ausenta da residência oficial. Quando Lula está no Palácio, ela fica sempre hasteada.
No final de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma reunião com os ministros petistas na Granja do Torto. Mesmo não estando no Palácio da Alvorada, a bandeira permaneceu hasteada.
A Folha apurou que a ordem para a bandeira ficar hasteada foi do presidente, que queria despistar a imprensa.


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