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ORÇAMENTO
A pouco mais de três semanas do fim do ano legislativo, "prioridades" do governo estão emperradas no Congresso
Acúmulo de projetos põe em risco votações
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Faltando pouco mais de três semanas para o fim do ano legislativo, sete projetos prioritários do
governo federal estão emperrados no Congresso, colocando em
risco a execução do Orçamento a
partir de janeiro.
As prioridades são: reformas
tributária e da Previdência, em
tramitação no Senado, o Orçamento de 2004, o Plano Plurianual 2004-2007, a prorrogação da
alíquota de 27,5% do Imposto de
Renda, o fim da cumulatividade
da Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social, que teve a alíquota aumentada de 3% para 7,6%) e o projeto de
Parceria Público-Privada.
"Sem o apoio da oposição, o governo dificilmente vota esses pontos até o final do ano", disse o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), que é vice-presidente da Comissão Mista de Orçamento.
Nessa questão, faltam a preparação e a votação de dez relatórios
setoriais para, só depois, ir a voto
o parecer do relator-geral, Jorge
Bittar (PT-RJ).
A assessoria técnica na Comissão de Orçamento afirmou que a
não-votação da proposta ainda
neste ano impediria o governo e
as estatais de realizarem investimentos enquanto perdurasse a
pendência.
Outros dois pontos que podem
causar dor de cabeça ao governo
são o Imposto de Renda e a Cofins. O projeto de lei que prorroga
a alíquota máxima de 27,5% do
Imposto de Renda tem o objetivo
de evitar uma redução da arrecadação de cerca de R$ 3 bilhões em
2004 caso a alíquota máxima volte
para 25%.
Governistas e oposição negociavam até o final da tarde de ontem
formas de chegar a um acordo.
A medida provisória da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social também encontrava resistência entre os congressistas devido ao aumento da
alíquota.
Houve uma forte pressão dos
setores prestadores de serviços,
que seriam prejudicados pela medida por terem uma cadeia de
produção reduzida.
Os segmentos econômicos com
maior cadeia seriam os beneficiados, já que a cobrança da contribuição deixaria de ser cumulativa,
ou seja, de incidir sobre todas as
etapas de produção.
Apesar dos problemas da Câmara, os líderes governistas avaliam que o maior perigo reside na
reforma tributária em discussão
no Senado, que traz em seu conjunto a prorrogação da CPMF e
da DRU (Desvinculação das Receitas da União) até 2007.
O temor é o de que os dois pontos não sejam aprovados até o final do ano, o que resultaria em
uma perda de receita de R$ 80 milhões por dia útil, no caso da
CPMF -que teria a alíquota reduzida de 0,38% para 0,08%. A
não-aprovação também levaria o
governo a ter que aumentar os
gastos obrigatórios com saúde e
educação, o que comprometeria
as metas de ajuste fiscal.
Estratégia
A liberação de verbas relativas
às emendas parlamentares e o
aval para negociações mais generosas do que o Ministério da Fazenda desejaria fazem parte do
plano que o governo vai utilizar,
nas próximas três semanas, para
encerrar as discussões e votar os
projetos que o Planalto considera
fundamentais.
Os líderes dos partidos governistas no Congresso fecharam anteontem a estratégia a ser utilizada nas próximas três semanas.
"Vamos tentar votar tudo a que
nos propomos. Sabemos das dificuldades, principalmente em relação ao Imposto de Renda e à
Cofins, mas estamos dando prioridade a isso porque envolve o
caixa do governo", afirmou o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara.
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