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CIDADANIA
Estudo mostra que 56% não se interessam por influenciar políticas públicas
Maioria no Brasil não exerce
o poder político, diz pesquisa
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de o primeiro artigo da
Constituição afirmar que "todo
poder emana do povo", a idéia
desse poder ainda é distante para
a maioria dos brasileiros.
É o que aponta uma pesquisa
realizada pelo Ibope a pedido da
ONG (organização não-governamental) Ação Educativa.
De acordo com a pesquisa, apenas 44% dos brasileiros disseram
que acreditam exercer esse poder,
enquanto 30% afirmaram que
não o exercem e 26% não souberam opinar.
Os resultados mostram que a
maioria dos brasileiros (56%) não
tem interesse em participar de nenhum tipo de prática que influencie, de alguma maneira, as políticas públicas.
A pesquisa foi realizada com recursos fornecidos pela Petrobras e
ouviu 2.000 pessoas entre 29 de
outubro e 2 de novembro deste
ano. A margem de erro é de 2,2
pontos percentuais, para mais ou
para menos.
O objetivo da pesquisa foi ter
uma idéia da percepção que o
brasileiro possui a respeito da democracia.
Participação direta
Mesmo entre aqueles que disseram que acreditam exercer algum
poder, a maioria (68%) cita apenas a eleição de representantes
como exemplo dessa prática.
A participação direta foi lembrada por 26%, enquanto 6% citaram as duas formas.
Os organizadores da pesquisa
entenderam como participação
direta a atuação em conselhos de
educação, movimentos sociais,
audiências públicas, reuniões para discussão de Orçamento Participativo e até mesmo o encaminhamento de ações para o Ministério Público.
"O fato de apenas 44% dos brasileiros acreditarem exercer o poder mostra que esse índice é relativamente baixo, mas a gente imaginava um percentual ainda menor num país com pouca tradição
participativa como o Brasil", informou Camilla Croso, coordenadora do Observatório da Educação e da Juventude da ONG Ação
Educativa.
Croso afirmou não considerar
negativa a informação de que a
maioria dos brasileiros não tem
interesse em participar de ações
diretas que influenciem as políticas públicas.
"Isso desmonta o mito de que
todos querem participar, mas, entre os que disseram que não se interessam, uma parcela significativa [35%] disse que não deseja por
falta de informação. Isso demonstra que ainda temos um terreno
fértil para aumentar essa participação", disse ela.
Entidades
O cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), analisou os resultados a pedido da Folha.
Ele afirmou que a pesquisa do
Ibope e da Ação Educativa sugere
que esteja havendo um aumento
da participação direta do brasileiro em ações políticas por mecanismos que não dependem de entidades associativas.
"Talvez a invenção do Orçamento Participativo e de outras
práticas recentes tenham criado
mecanismos de envolvimento direto do cidadão com o Poder Executivo sem que ele precise procurar um sindicato, partido ou outras organizações para influenciar
as decisões", disse Nicolau.
De acordo com o cientista político do Iuperj, uma pesquisa que
foi realizada pelo instituto do Rio
no ano passado constatou que
mais de 70% da população brasileira não é filiada a nenhum partido político, sindicato ou outro tipo de associação.
"O número de brasileiros filiados a partidos políticos é menor
ainda, variando de 3% a 4% nas
pesquisas de opinião", informou
Nicolau.
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