São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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Polícia vai dizer que Folha não foi alvo de investigação

Para a Justiça, PF afirmará que não sabia que 2 telefones que tiveram seus sigilos quebrados pertenciam ao jornal

Relatório parcial deve ser entregue amanhã, quando será feito um novo pedido para prorrogar os prazos da investigação do dossiegate

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

No relatório parcial que apresentará à Justiça Federal amanhã, o delegado da Polícia Federal Diógenes Curado informará que a Folha nunca foi alvo nas investigações sobre a origem do dinheiro para a compra do dossiê contra tucanos.
Curado pedirá, pela segunda vez, a prorrogação do prazo do inquérito, aberto após a prisão dos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no dia 15 de setembro, no hotel Ibis em São Paulo, com R$ 1,7 milhão.
Nas quebras de sigilo telefônico solicitadas por Curado, surgiram dois números em nome da Folha, um fixo instalado no comitê de imprensa da Câmara dos Deputados e um celular utilizado por uma repórter.
No documento, Curado dirá que solicitou a quebra dos números da Folha sem saber que pertenciam ao jornal, devido a ligações feitas a partir dos dois números para o celular de Gedimar, após a sua prisão.
O delegado vai ressaltar que, tão logo soube que os telefones pertenciam à Folha, descartou investigação sobre o jornal.
Um dos principais pontos do relatório será dedicado a explorar contradições na versão apresentada por Hamilton Lacerda para ter ido ao hotel Ibis.
Curado está convencido de que foi Lacerda quem levou o dinheiro para Gedimar e Valdebran. Ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo paulista, Lacerda entrou no hotel com a mesma mala depois identificada por Valdebran como a usada por Gedimar para transportar parte do R$ 1,7 milhão.
À PF, Lacerda negou carregar dinheiro. Disse portar boletos de contribuição da campanha do presidente Lula. Tanto Mercadante quanto o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, afirmaram que não era atribuição de Lacerda tratar de temas ligados à arrecadação da campanha de Lula.
Na tentativa de identificar a origem do dinheiro, Curado analisaria ainda ontem novos laudos periciais relativos aos US$ 248,8 mil encontrados com Gedimar e Valdebran.
Apesar de acreditar que pelo menos US$ 79 mil passaram pela casa de câmbio Vicatur, de Nova Iguaçu (RJ), o delegado espera reunir provas para confirmar o caminho dos recursos até as mãos de Lacerda. Sobre os reais, Curado não descartou a hipótese de que uma parcela das notas tenha transitado por bancas de jogo do bicho no Rio. Ele deve, porém, evitar nomes, como o do bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão.
Considerada por Curado uma das hipóteses mais prováveis para a origem do dinheiro, o caixa dois do PT como a fonte dos recursos não deve ser mencionado no relatório. O delegado espera abordar o tema apenas na conclusão do inquérito.


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