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Polícia vai dizer que Folha não foi alvo de investigação
Para a Justiça, PF afirmará que não sabia que 2 telefones que tiveram seus sigilos quebrados pertenciam ao jornal
Relatório parcial deve ser entregue amanhã, quando será feito um novo pedido para prorrogar os prazos da investigação do dossiegate
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
No relatório parcial que
apresentará à Justiça Federal
amanhã, o delegado da Polícia
Federal Diógenes Curado informará que a Folha nunca foi
alvo nas investigações sobre a
origem do dinheiro para a compra do dossiê contra tucanos.
Curado pedirá, pela segunda
vez, a prorrogação do prazo do
inquérito, aberto após a prisão
dos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no dia 15 de setembro, no
hotel Ibis em São Paulo, com
R$ 1,7 milhão.
Nas quebras de sigilo telefônico solicitadas por Curado,
surgiram dois números em nome da Folha, um fixo instalado
no comitê de imprensa da Câmara dos Deputados e um celular utilizado por uma repórter.
No documento, Curado dirá
que solicitou a quebra dos números da Folha sem saber que
pertenciam ao jornal, devido a
ligações feitas a partir dos dois
números para o celular de Gedimar, após a sua prisão.
O delegado vai ressaltar que,
tão logo soube que os telefones
pertenciam à Folha, descartou
investigação sobre o jornal.
Um dos principais pontos do
relatório será dedicado a explorar contradições na versão
apresentada por Hamilton Lacerda para ter ido ao hotel Ibis.
Curado está convencido de
que foi Lacerda quem levou o
dinheiro para Gedimar e Valdebran. Ex-coordenador da
campanha do senador Aloizio
Mercadante (PT-SP) ao governo paulista, Lacerda entrou no
hotel com a mesma mala depois identificada por Valdebran como a usada por Gedimar para transportar parte do
R$ 1,7 milhão.
À PF, Lacerda negou carregar dinheiro. Disse portar boletos de contribuição da campanha do presidente Lula. Tanto
Mercadante quanto o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, afirmaram que
não era atribuição de Lacerda
tratar de temas ligados à arrecadação da campanha de Lula.
Na tentativa de identificar a
origem do dinheiro, Curado
analisaria ainda ontem novos
laudos periciais relativos aos
US$ 248,8 mil encontrados
com Gedimar e Valdebran.
Apesar de acreditar que pelo
menos US$ 79 mil passaram
pela casa de câmbio Vicatur, de
Nova Iguaçu (RJ), o delegado
espera reunir provas para confirmar o caminho dos recursos
até as mãos de Lacerda. Sobre
os reais, Curado não descartou
a hipótese de que uma parcela
das notas tenha transitado por
bancas de jogo do bicho no Rio.
Ele deve, porém, evitar nomes,
como o do bicheiro Antonio
Petrus Kalil, o Turcão.
Considerada por Curado
uma das hipóteses mais prováveis para a origem do dinheiro,
o caixa dois do PT como a fonte
dos recursos não deve ser mencionado no relatório. O delegado espera abordar o tema apenas na conclusão do inquérito.
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