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Comércio teme prejuízos
da Agência Folha,
em Campo Formoso (BA)
Pelo menos uma parte dos moradores de Campo Formoso ficou
muito descontente com a decisão
dos vereadores de reduzir seus salários: os comerciantes, em especial os donos de farmácias.
"Em média, eu vendia R$ 1.500
por mês para a prefeitura e vereadores", disse o farmacêutico Jonas Vieira Costa.
Segundo Costa, os políticos merecem ganhar mais do que um salário mínimo por mês. "O que os
vereadores vão ganhar agora eu
pago aos meus funcionários."
Ele avalia que o faturamento das
20 farmácias da cidade deve sofrer uma queda de pelo menos
20% nos próximos meses.
"Eu quero ver o que os vereadores vão dizer quando os eleitores
pedirem dinheiro para comprar
remédio ou fazer a feira da semana", disse Costa.
Para o parlamentar governista
Elmar José Vieira Nascimento
(PFL), a medida adotada pela Câmara Municipal vai acabar com o
clientelismo político.
"Vereador não deve ser clientelista. Nós temos de ter coragem
para dizer não aos pedidos dos
eleitores, custe o que custar", disse o vereador.
O coordenador do Departamento Jurídico da UPB (União
das Prefeituras da Bahia), Isaac
Newton Carneiro, disse que em
mais de 250 (60%) das 415 cidades
da Bahia os legisladores municipais recebem menos que R$ 1.000
por mês. "O grande problema é
que eles se profissionalizaram e
querem sobreviver dos salários
que recebem."
Carneiro afirmou que, até a
Constituição de 1988, a remuneração dos vereadores era feita
com base em lei complementar,
que tomava basicamente dois parâmetros -os salários dos deputados estaduais e o número de habitantes do município.
"A Constituição de 1988 deu
plenos poderes às Câmaras em relação à fixação dos salários dos
vereadores", disse o advogado.
Muitos vereadores, constatou
Carneiro, aproveitaram a brecha
constitucional para aumentar
seus rendimentos.
O Congresso Nacional analisa
emenda constitucional que dá direito às Câmaras Municipais a receberem entre 5% e 8% da receita
das cidades. Pela proposta, os salários dos vereadores deverão ficar entre R$ 1.200 e R$ 4.500. Os
gastos com folha de pagamento
não poderão superar 70% do Orçamento do Legislativo local.
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