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MATO GROSSO DO SUL
TRE é alvo de denúncia de contratações irregulares
ROBERTO SAMORA
da Agência Folha,
em Campo Grande
O Ministério Público Federal
em Mato Grosso do Sul entrou
com ação civil pública contra os
presidentes do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), do TJ (Tribunal
de Justiça), o prefeito de Campo
Grande e o presidente da Assembléia Legislativa do Estado.
Funcionários da Assembléia e
da prefeitura foram cedidos de
forma irregular para o TRE, segundo os procuradores Paulo
Thadeu Gomes da Silva e Maria
Cristina Cordeiro na ação protocolada na Justiça Federal.
Eles verificaram que há no tribunal 28 servidores cedidos, a
maioria pela Assembléia Legislativa. De acordo com a ação, 13 deles não prestaram concurso para
ingressar no órgão de origem, o
que impediria a transferência.
Outros seis trabalham no TRE
sem possuir qualquer cargo em
comissão ou função de confiança,
o que é exigido para justificar o
"empréstimo".
Além disso, foi constado que,
das 22 funções de confiança existentes no TRE, 11 são ocupadas
por pessoas sem vínculo com o
órgão outra irregularidade e três
por funcionários cedidos pela
Prefeitura de Campo Grande.
Os procuradores dizem que,
com as contratações irregulares,
foi criado um novo tipo de servidor público: os "cedidos", pessoas
que não possuem qualquer vínculo com o órgão, não ocupam cargo efetivo nem exercem qualquer
função comissionada.
Silva afirmou que "causa estranheza que um órgão como o TRE,
que tem competência para julgar
questões eleitorais envolvendo
políticos, sirva-se desse expediente imoral e ilegal".
Constituição
As contratações contrariam, segundo a denúncia, a emenda
constitucional nº 19, de 4 de junho
de 1998, que reformulou o capítulo 7º da Constituição federal, em
seu artigo 37.
A emenda definiu que as funções de confiança só podem ser
exercidas por servidores ocupantes de cargos efetivos (concursados), e os cargos em comissão,
por funcionários de carreira.
São acusados, entre outros, o
presidente do TRE, José Augusto
de Souza; o presidente do TJ e ex-presidente do TRE, Rêmolo Letteriello; o presidente da Assembléia,
Londres Machado (PSDB), e o
prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB).
Se condenados, podem perder
as funções públicas e ter os direitos políticos suspensos, além de
ser obrigados a exonerar as pessoas contratadas, ressarcir o erário e pagar multas.
A Agência Folha entrou em
contato com a assessoria do TJ. O
presidente do órgão afirmou que
só iria se pronunciar depois de ser
notificado pela Justiça.
A mesma coisa ocorreu com o
presidente da Assembléia e com o
prefeito de Campo Grande. A assessoria do presidente do TRE
afirmou que ele não teria tempo
para falar coma reportagem.
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