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TRANSIÇÃO
Necessidade de manter o equilíbrio nas contas leva governo federal a tirar R$ 98 milhões do programa Habitar
União corta verbas de projeto habitacional
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A política de equilíbrio fiscal do
governo federal levou a um corte
de R$ 98 milhões em recursos
destinados à recuperação de favelas, transferência de população
em áreas de risco, saúde, educação e geração de emprego, conjunto de ações compreendidas
pelo programa Habitar-Brasil/
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento). O alvo do
projeto é a população que ganha
até três salários mínimos mensais.
O Orçamento Geral da União de
2002 previa um total de R$ 128
milhões para o Habitar, sendo
60% do BID e 40% do governo
brasileiro. Mas, com o contingenciamento, apenas R$ 30 milhões
foram investidos nas 26 obras e
projetos em andamento. Há
26.812 famílias à espera dos benefícios sociais previstos.
Trata-se de uma bomba de efeito retardado, que vai estourar logo no início do mandato de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Como o saldo de R$ 98 milhões
não foi empenhado e não constará dos restos a pagar, o dinheiro se
perdeu na burocracia. Além disso, dos R$ 300 milhões necessários para os investimentos do próximo ano, apenas R$ 100 milhões
constam do Orçamento de 2003.
Há dez operações já contratadas
e em licitação, num conjunto de
investimentos de R$ 62,6 milhões,
em benefício de outras 8.767 famílias. A previsão da Sedu (Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano) é assinar outros 33
contratos de repasses com prefeituras até o dia 31 de dezembro. A
Sedu, no governo Lula, dará lugar
ao Ministério das Cidades, que
absorverá os programas hoje de
responsabilidade da secretaria.
Nas prefeituras, o clima é de expectativa. Apesar de o cronograma de repasses de 2002 ter sido
cumprido na maioria dos casos,
ao custo de remanejar recursos de
outros programas da Sedu, não se
sabe ao certo o que vai acontecer
com os projetos em andamento.
Em Vila Velha (ES), onde o programa Habitar prevê a instalação
de infra-estrutura viária e de saneamento básico, além de iluminação pública e melhorias habitacionais para 986 famílias que residem na favela Dom João Batista, o
futuro é incerto. No conjunto, o
projeto, que prevê a transferência
de 112 famílias para um bairro novo que está sendo construído, requer repasses de R$ 6,5 milhões.
"Terminamos o ano praticamente em dia [recebeu R$ 838,32
mil, mas precisava de R$ 1,2 milhão]. Minha preocupação é assegurar recursos para 2003", declarou o secretário de Planejamento
de Vila Velha, Magno Pires.
Em Santo André (SP), a situação é mais grave: obras que envolvem favelas em áreas de risco e
que, por causa do contingenciamento, podem se inviabilizar na
época de chuvas -que começaram agora e têm sido intensas.
Na cidade, administrada pelo
PT, o Habitar fará a urbanização
da favela Capuava, começando
pela construção de um muro de
arrimo para evitar deslizamentos
como os que aconteceram no ano
passado e deixaram 136 famílias
desabrigadas -e ainda hoje vivendo em acampamentos improvisados pela Defesa Civil.
O investimento total é de R$ 8
milhões, sendo R$ 6 milhões em
repasses do governo federal. A diretora do Departamento de Habitação do município, Rosana Denaldi, queixa-se por ter recebido
apenas R$ 900 mil e está pessimista quanto ao cumprimento do
cronograma: "Tentamos de todas
as formas garantir recursos no
Orçamento. Ainda não conseguimos. Em janeiro e fevereiro teremos chuvas, e não sabemos o que
será".
(ANDRÉA MICHAEL)
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