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Programas sociais levam "mistura" ao cardápio de família da zona leste
DA REPORTAGEM LOCAL
Maria Betania do Nascimento,
35, e José Francisco da Silva Filho,
36, moram com os quatro filhos
num casebre de um só cômodo
no Jardim da Conquista, bairro
pobre da zona leste de São Paulo.
Quase metade do orçamento da
família vem dos programas de
transferência de renda, dos quais
Betania e José Francisco são beneficiários há quatro anos.
Nesse período, apesar dos bicos
que ajudam a incrementar sua
renda, eles não conseguiram
romper o ciclo de pobreza, o que
impede a família de pagar em dia,
por exemplo, a conta de luz.
Betania passou a integrar a lista
de beneficiários de programas sociais em 2001, quando a então prefeita Marta Suplicy (PT) instituiu
o Renda Mínima na capital. Do
governo federal, começou a receber Vale-Gás em 2002 e foi incluída no Bolsa-Família em 2004.
Betania soma os R$ 130 que recebe do Renda Mínima e os R$ 53
vindos do Bolsa-Família aos cerca
de R$ 200 que José Francisco consegue nos bicos como motorista
ou ajudante de lojas do bairro.
Em São Paulo, onde projetos sociais das esferas de governo são
coordenados, mais de 60 mil famílias recebem os benefícios municipal e federal juntos.
Outras mil famílias são beneficiadas, ao mesmo tempo, por três
programas: Renda Mínima, Bolsa-Família e Renda Cidadã, do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
O auxílio governamental teve
impacto imediato no cardápio de
Betania, incrementado com a antes rara "mistura" -tudo o que
não é arroz, feijão ou farinha.
"Antes eu não comprava carne."
Apesar da melhora na mesa, Betania afirma se sentir um pouco
incomodada pelo fato de depender da ajuda governamental.
Queria pagar as contas, afirma,
com dinheiro de trabalho. "Nunca consegui um emprego de carteira assinada. Mas se eu começar
a trabalhar eu vou e comunico:
"Não quero mais [os benefícios],
dá pra outra pessoa que precisa"."
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