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Investidor quer mais que 30% do capital da mídia
DO ENVIADO A DAVOS
Ao se reunir ontem com cerca
de 20 empresários, de diferentes
setores econômicos, a comitiva
do presidente Lula que foi a Davos ouviu a informação de que
ninguém se arriscará a investir dinheiro nos setores de mídia no
Brasil se for mantido o teto atual
(30% sobre o capital total) para a
participação de estrangeiros.
A avaliação foi feita por Juan
Luis Cebrian Echarri, executivo-chefe do Grupo Prisa, o maior
grupo de mídia da Espanha, dono, entre outros, do "El País", o
principal jornal local.
Cebrian disse ainda que, exceto
no Brasil e na Argentina, o limite
para a participação do capital estrangeiro na mídia, na América
Latina, passa sempre de 50% e pode chegar até à propriedade total.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, disse que estudaria a sugestão de Cebrian. "Vou consultar antes as empresas do setor",
contou depois à Folha.
Não foi a única sugestão ouvida
pela equipe de Lula em Davos: Samuel Zavati, vice-presidente sênior do banco holandês ABN Amro, cobrou a Lei de Falências que
já está nos planos da nova equipe
econômica e seria a única forma
de aumentar o crédito no país.
Hoje, como os emprestadores
acreditam que não têm garantias
suficientes de receber de volta o
dinheiro, ou aumentam os juros
ou simplesmente não emprestam.
Uma lei de falências que desse
as garantias desejadas seria uma
maneira de estimular, por exemplo, financiamento habitacional.
Já as multinacionais representadas no encontro reclamaram dos
entraves burocráticos às exportações, o que contraria o desejo publicamente expresso pelo ministro Luiz Fernando Furlan de que
elas sejam parte importante no esforço de aumentar as vendas externas brasileiras.
"Podem ficar tranquilos que esse assunto cabe ao meu ministério
e eu tenho 30 anos de sofrimento
com isso", respondeu Furlan. Ele
era presidente da Sadia, uma das
maiores exportadoras brasileiras,
até assumir, no dia 1º, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os empresários cobraram também uma espécie de calendário
das reformas econômicas que o
PT promete (em especial a previdenciária, mas também a tributária e a da legislação trabalhista).
Os funcionários brasileiros evitaram, como é óbvio, comprometer-se com qualquer data específica, na medida em que a regra de
ouvir antes os setores interessados não vale apenas para a mídia,
mas para tudo. Sem falar no fato
de que o Congresso Nacional ainda não começou a trabalhar na
nova legislatura.
(CR)
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