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PT não irá punir os deputados que votaram contra a bancada, diz líder
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), enterrou ontem qualquer possibilidade de
punição aos 14 deputados do partido que votaram contra a orientação da bancada para rejeitar a
proposta de emenda constitucional que deu fim a verticalização
das coligações eleitorais.
A votação ocorreu anteontem à
noite. A emenda foi aprovada por
343 votos a favor e 143 contra.
Houve uma abstenção. O PT e o
PP foram os únicos a orientar voto contrário à emenda -no caso
petista, contra a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) tentou dar
pouco peso ao pedido de Lula. "O
presidente, pelo peso que tem, se
entendesse que queria impor sua
opinião ao PT, teria mecanismos
para fazê-lo por meio da Executiva. Desconheço qualquer deputado ou membro da Executiva do
PT que tenha sido pressionado
pelo presidente. Ele simplesmente emitiu sua opinião", afirmou.
O ministro minimizou o impacto do fim da verticalização sobre
as alianças -disse que tem influência, mas não tanta- e afirmou que só depois da aprovação
em segundo turno no Congresso
e do posicionamento da Justiça
Eleitoral é que o PT vai considerar
"dada a largada" para a costura final das alianças.
Dos 53 deputados que participaram da reunião de bancada petista que antecedeu a votação apenas três se manifestaram a favor
da matéria. Por isso, os 14 votos
em plenário acabaram surpreendendo Fontana. "Eu não esperava, mas mão vamos fazer nada
contra ninguém", disse o líder.
Fontana justificou que não é o
momento de causar turbulência
na bancada. "Acabamos de passar
por um processo de reconstrução.
Não há motivos para se estressar
por causa desse assunto", disse.
Até agora, a bancada do PT foi a
principal vítima do escândalo do
"mensalão". Viu seis dos seus deputados na lista de cassação. José
Dirceu (PT-SP) perdeu o mandato no ano passado. Antes, Paulo
Rocha (PT-PA), ex-líder da bancada, já havia renunciado.
Fontana, agora, só quer se preocupar com futuras votações e com
o embate com a oposição. "Temos de olhar para a frente."
Se fosse defender punições, o líder do PT teria de medir forças
com o líder do governo, Arlindo
Chinaglia (SP), e com o vice-líder
da bancada, deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP),
que votaram a favor do fim da
verticalização. Segundo Fontana,
Lula manteve-se informado por
intermédio de Wagner. "Em 48
horas, ele me ligou algumas vezes,
mas jamais houve qualquer tipo
de pressão", disse o líder.
No PP, o próprio presidente do
partido, o deputado Pedro Corrêa
(PE), não cumpriu a orientação
partidária. "A maioria levou em
consideração questões locais",
disse. "Em Pernambuco, queremos nos coligar com o PMDB, o
PFL e o PSDB."
No PSDB, cuja bancada não fechou questão, o governador de
Minas, Aécio Neves, trabalhou
pelo fim da verticalização para
construir uma grande coligação
para disputar a reeleição.
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