São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT não irá punir os deputados que votaram contra a bancada, diz líder

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), enterrou ontem qualquer possibilidade de punição aos 14 deputados do partido que votaram contra a orientação da bancada para rejeitar a proposta de emenda constitucional que deu fim a verticalização das coligações eleitorais.
A votação ocorreu anteontem à noite. A emenda foi aprovada por 343 votos a favor e 143 contra. Houve uma abstenção. O PT e o PP foram os únicos a orientar voto contrário à emenda -no caso petista, contra a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) tentou dar pouco peso ao pedido de Lula. "O presidente, pelo peso que tem, se entendesse que queria impor sua opinião ao PT, teria mecanismos para fazê-lo por meio da Executiva. Desconheço qualquer deputado ou membro da Executiva do PT que tenha sido pressionado pelo presidente. Ele simplesmente emitiu sua opinião", afirmou.
O ministro minimizou o impacto do fim da verticalização sobre as alianças -disse que tem influência, mas não tanta- e afirmou que só depois da aprovação em segundo turno no Congresso e do posicionamento da Justiça Eleitoral é que o PT vai considerar "dada a largada" para a costura final das alianças.
Dos 53 deputados que participaram da reunião de bancada petista que antecedeu a votação apenas três se manifestaram a favor da matéria. Por isso, os 14 votos em plenário acabaram surpreendendo Fontana. "Eu não esperava, mas mão vamos fazer nada contra ninguém", disse o líder.
Fontana justificou que não é o momento de causar turbulência na bancada. "Acabamos de passar por um processo de reconstrução. Não há motivos para se estressar por causa desse assunto", disse.
Até agora, a bancada do PT foi a principal vítima do escândalo do "mensalão". Viu seis dos seus deputados na lista de cassação. José Dirceu (PT-SP) perdeu o mandato no ano passado. Antes, Paulo Rocha (PT-PA), ex-líder da bancada, já havia renunciado.
Fontana, agora, só quer se preocupar com futuras votações e com o embate com a oposição. "Temos de olhar para a frente."
Se fosse defender punições, o líder do PT teria de medir forças com o líder do governo, Arlindo Chinaglia (SP), e com o vice-líder da bancada, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que votaram a favor do fim da verticalização. Segundo Fontana, Lula manteve-se informado por intermédio de Wagner. "Em 48 horas, ele me ligou algumas vezes, mas jamais houve qualquer tipo de pressão", disse o líder.
No PP, o próprio presidente do partido, o deputado Pedro Corrêa (PE), não cumpriu a orientação partidária. "A maioria levou em consideração questões locais", disse. "Em Pernambuco, queremos nos coligar com o PMDB, o PFL e o PSDB."
No PSDB, cuja bancada não fechou questão, o governador de Minas, Aécio Neves, trabalhou pelo fim da verticalização para construir uma grande coligação para disputar a reeleição.


Texto Anterior: Polêmica
Próximo Texto: Queda de norma muda cenário em Minas, mas não altera jogo no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.