São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2000


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CONTAS PÚBLICAS

Segundo o secretário Edward Amadeo, poder de compra subiu desde o começo do Plano Real
Mínimo compra mais, afirma governo

SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília

O poder de compra atual do salário mínimo é maior que o do início do Plano Real, se for levada em conta a inflação medida por dois índice de preços e pela cesta básica.
A pesquisa foi feita pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Edward Amadeo. Segundo Amadeo, o poder de compra do mínimo no Plano Real aumentou 26,8% se for descontada a variação da inflação medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe do valor atual, que é de R$ 136.
Se for utilizado o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, esse aumento é de 25,3%. Em relação à cesta básica de junho de 94, o aumento é de 66,2%.
Amadeo criticou o economista da Universidade Estadual de Campinas Márcio Pochmann, que tem afirmado que o salário mínimo tem perdido valor ao longo dos anos. Pochmann disse que o salário mínimo de 1940 (ano de sua criação) em valores atualizados seria de R$ 489.
Segundo Amadeo, essa atualização levaria a um mínimo de R$ 133,22 se for utilizado o IPC da Fipe para descontar a inflação do período. "É preciso saber que deflator (índice para descontar a inflação) está sendo utilizado nos cálculos de Pochmann", afirmou.
O secretário informou, porém, que o maior salário mínimo registrado desde 1940 era 17,3% maior que o atual. O valor atualizado do mínimo de 1959 é de R$ 164,40.
O secretário também contestou as afirmações de Pochmann sobre o total de trabalhadores que ganham um salário mínimo. Segundo o economista da Unicamp, 14,6 milhões de trabalhadores ganham o mínimo no país.
Amadeo disse que são apenas 4,5 milhões em todo o setor privado (com carteira e sem carteira assinada). Somando os servidores públicos, o número sobe para 5,251 milhões. Ele não incluiu na sua conta os 12,2 milhões de segurados da Previdência Social.
Segundo Amadeo, o total de trabalhadores do setor privado que ganha menos que o mínimo é mais significativo: 16,4 milhões. "De que adianta discutir somente o salário mínimo quando existem milhares de pessoas ganhando menos que isso?", questiona.
Durante o Real, os benefícios previdenciários acompanharam o reajuste do mínimo por causa do piso de benefícios que deve ser igual ou superior ao salário.
Em 1996, porém, o reajuste dos benefícios foi de 15% e o do mínimo, de 12%. Em 1998, o mínimo foi corrigido em 8,33%, mas os benefícios previdenciários acima do valor do mínimo tiveram aumento de apenas 4,81%.
Os segurados da Previdência Social estão tendo ganhos superiores à inflação ao se aposentarem por causa do mecanismo de reajuste dos salários de contribuição. Os salários de contribuição são atualizados no momento da aposentadoria para o cálculo do benefício inicial de cada um.
De acordo com o coordenador geral de Estudos Previdenciários do Ministério da Previdência, Ricardo de João Braga, o índice de reajuste dos salários de contribuição está entre 31% e 35% superior aos índices de preços ao consumidor e 24,5% superior aos índices gerais de preços.



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