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CONTAS PÚBLICAS
Segundo o secretário Edward Amadeo, poder de compra subiu desde o começo do Plano Real
Mínimo compra mais, afirma governo
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O poder de compra atual do salário mínimo é maior que o do
início do Plano Real, se for levada
em conta a inflação medida por
dois índice de preços e pela cesta
básica.
A pesquisa foi feita pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Edward
Amadeo. Segundo Amadeo, o poder de compra do mínimo no Plano Real aumentou 26,8% se for
descontada a variação da inflação
medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe do
valor atual, que é de R$ 136.
Se for utilizado o INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, esse aumento é de
25,3%. Em relação à cesta básica
de junho de 94, o aumento é de
66,2%.
Amadeo criticou o economista
da Universidade Estadual de
Campinas Márcio Pochmann,
que tem afirmado que o salário
mínimo tem perdido valor ao
longo dos anos. Pochmann disse
que o salário mínimo de 1940
(ano de sua criação) em valores
atualizados seria de R$ 489.
Segundo Amadeo, essa atualização levaria a um mínimo de R$
133,22 se for utilizado o IPC da Fipe para descontar a inflação do
período. "É preciso saber que deflator (índice para descontar a inflação) está sendo utilizado nos
cálculos de Pochmann", afirmou.
O secretário informou, porém,
que o maior salário mínimo registrado desde 1940 era 17,3% maior
que o atual. O valor atualizado do
mínimo de 1959 é de R$ 164,40.
O secretário também contestou
as afirmações de Pochmann sobre o total de trabalhadores que
ganham um salário mínimo. Segundo o economista da Unicamp,
14,6 milhões de trabalhadores ganham o mínimo no país.
Amadeo disse que são apenas
4,5 milhões em todo o setor privado (com carteira e sem carteira
assinada). Somando os servidores
públicos, o número sobe para
5,251 milhões. Ele não incluiu na
sua conta os 12,2 milhões de segurados da Previdência Social.
Segundo Amadeo, o total de trabalhadores do setor privado que
ganha menos que o mínimo é
mais significativo: 16,4 milhões.
"De que adianta discutir somente
o salário mínimo quando existem
milhares de pessoas ganhando
menos que isso?", questiona.
Durante o Real, os benefícios
previdenciários acompanharam
o reajuste do mínimo por causa
do piso de benefícios que deve ser
igual ou superior ao salário.
Em 1996, porém, o reajuste dos
benefícios foi de 15% e o do mínimo, de 12%. Em 1998, o mínimo
foi corrigido em 8,33%, mas os
benefícios previdenciários acima
do valor do mínimo tiveram aumento de apenas 4,81%.
Os segurados da Previdência
Social estão tendo ganhos superiores à inflação ao se aposentarem por causa do mecanismo de
reajuste dos salários de contribuição. Os salários de contribuição
são atualizados no momento da
aposentadoria para o cálculo do
benefício inicial de cada um.
De acordo com o coordenador
geral de Estudos Previdenciários
do Ministério da Previdência, Ricardo de João Braga, o índice de
reajuste dos salários de contribuição está entre 31% e 35% superior
aos índices de preços ao consumidor e 24,5% superior aos índices
gerais de preços.
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