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JUDICIÁRIO
Tourinho Neto, da associação de juízes, pode indicar suspensão de movimento após liminar do STF
Jobim pode conceder benefício a juízes
da Sucursal de Brasília
free-lance para a Folha
da Reportagem Local
O ministro Nelson Jobim, do
STF (Supremo Tribunal Federal),
pode conceder hoje uma liminar
estabelecendo o pagamento de
um auxílio-moradia de até R$
3.000 para os juízes federais. "Há
possibilidade concreta de eu conceder a liminar", disse Jobim.
A concessão do benefício pode
esvaziar a greve dos 750 juízes federais e 2.400 juízes trabalhistas
marcada para amanhã.
Até a tarde de ontem, porém,
estava mantida a convocação para a paralisação. Inédito, o movimento dos magistrados federais
reivindica reajuste salarial.
O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil),
Fernando Tourinho Neto, disse
ontem, durante o 1º Encontro
Nacional dos Juízes Federais Criminais, em São Paulo, que poderá
indicar a proposta de suspensão
da greve se o benefício for concedido. O pedido de liminar foi feito
em uma ação da Ajufe impetrada
em setembro de 1999.
"Não somos intransigentes",
afirmou. Tourinho Neto declarou, porém, que sua decisão depende da confirmação, por escrito, da concessão do auxílio.
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Antônio Pádua Ribeiro, e pelo menos mais
um ministro do STF acreditam
que essa liminar poderia pôr fim
à ameaça de greve.
O Palácio do Planalto, que estimulou as tentativas de entendimento entre os líderes do Judiciário, não se opõe à concessão do
benefício por meio de liminar.
Em entrevistas à Folha na semana passada, Tourinho Neto,
que é vice-presidente do TRF
(Tribunal Regional Federal) da 1ª
Região, e Gustavo Tadeu Alkmim, presidente da Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho), disseram
que a greve ocorrerá por falta de
vontade política -do Congresso
ou do governo- em conceder
um aumento salarial. Ambos estimaram que adesão à paralisação pode chegar a 90%.
As associações deram orientação para que os grevistas compareçam amanhã ao local de trabalho, mas só examinem pedidos de
liminar que envolvam ameaça à
vida, à saúde e à liberdade.
Alkmim reconheceu o risco de
desgaste, mas afirmou que os juízes devem aproveitar a oportunidade da greve para "acabar com o
mito da neutralidade" do magistrado e mostrar à sociedade que o
juiz "tem contas a pagar como
qualquer outro cidadão".
Os salários dos juízes, assim como os da maioria dos funcionários públicos, estão congelados
há cinco anos. Eles querem a fixação do teto salarial do funcionalismo no valor de R$ 12.720 ou a
concessão de abono que assegure
o mesmo efeito financeiro.
Mesmo que o ministro Jobim
decida conceder o auxílio-moradia, os juízes federais pretendem
manter a mobilização para obter
a fixação do teto salarial. Nesse
caso, segundo Wilson Zauhy, vice-presidente da Ajufe, a pressão
passará a se dar no Congresso.
Zauhy afirmou ainda acreditar
que a confirmação do auxílio-moradia vá esvaziar a paralisação
marcada para amanhã.
Para o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Wagner Pimenta, a greve
dos magistrados é ilegal.
Ele disse na sexta-feira que os
juízes trabalhistas que pararem
"ficarão muito mal" porque, após
um movimento ilegal, terão de
julgar se paralisações de outros
trabalhadores são abusivas.
"Greve de qualquer juiz é ilegal,
porque não há lei regulamentando esse direito para os servidores", afirmou. Pimenta disse que
o STF avalia que é necessária a
existência de uma lei específica.
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