São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2000


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Destino do "lixo" é provisório

do enviado a Angra dos Reis

Angra-2 vai produzir mais de 30 toneladas por ano de combustível irradiado, que ficará numa piscina junto ao núcleo do reator -provisoriamente. Parte desse material é plutônio, que tem meia-vida de 24 mil anos (o tempo necessário para dissipar-se metade de seu poder radiativo).
Esse é o "lixo" de alta atividade. Os de média e baixa, tais como filtros, resinas e uniformes, ficarão guardados no subsolo da própria usina -provisoriamente. São 1.380 posições para tambores de 200 litros de rejeitos de baixa atividade (suficiente para 4 anos de operação) e 264 para os de média atividade (9 anos).
A operação de Angra-1 resultou, até agora, em 404 elementos de combustível guardados na sua piscina -provisoriamente. E mais 6.491 embalagens estocadas com rejeitos de baixa atividade e 681 com rejeitos de média atividade -provisoriamente, em galpões com telhas de amianto.
A Eletronuclear argumenta que tanto os galpões de Angra-1 quanto o subsolo de Angra-2 foram licenciados segundo a legislação vigente. No primeiro caso, pela Cnen, em 1981. No de Angra-2, como resultado da aprovação do relatório de impacto ambiental (ou EIA-Rima).
Um quarto de século depois de firmado o acordo nuclear Brasil-Alemanha, o país ainda não tem legislação definindo o destino permanente de resíduos nucleares. Um projeto do então senador Itamar Franco tramita há nove anos no Congresso.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) diz que conseguiu reunir apoio das lideranças, semana passada, para dar "urgência urgentíssima" ao projeto, que dormia na Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Em contato com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, foi informado de que o governo pretende formular proposta alternativa.
"Não é possível inaugurar uma nova usina com essa precariedade", afirma Gabeira. Mesmo havendo legislação, começará então a parte mais espinhosa, definir um local para o depósito definitivo de rejeitos radiativos. Nenhuma comunidade, se consultada democraticamente, aceitaria.
Já o Greenpeace é contra a entrada em operação, ponto. Segundo Ruy de Goes, a primeira providência quando a casa inunda é fechar a torneira, não enxugar o chão. (ML)








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