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Destino do "lixo" é provisório
do enviado a Angra dos Reis
Angra-2 vai produzir mais de 30
toneladas por ano de combustível
irradiado, que ficará numa piscina junto ao núcleo do reator
-provisoriamente. Parte desse
material é plutônio, que tem
meia-vida de 24 mil anos (o tempo necessário para dissipar-se
metade de seu poder radiativo).
Esse é o "lixo" de alta atividade.
Os de média e baixa, tais como filtros, resinas e uniformes, ficarão
guardados no subsolo da própria
usina -provisoriamente. São
1.380 posições para tambores de
200 litros de rejeitos de baixa atividade (suficiente para 4 anos de
operação) e 264 para os de média
atividade (9 anos).
A operação de Angra-1 resultou, até agora, em 404 elementos
de combustível guardados na sua
piscina -provisoriamente. E
mais 6.491 embalagens estocadas
com rejeitos de baixa atividade e
681 com rejeitos de média atividade -provisoriamente, em galpões com telhas de amianto.
A Eletronuclear argumenta que
tanto os galpões de Angra-1 quanto o subsolo de Angra-2 foram licenciados segundo a legislação vigente. No primeiro caso, pela
Cnen, em 1981. No de Angra-2,
como resultado da aprovação do
relatório de impacto ambiental
(ou EIA-Rima).
Um quarto de século depois de
firmado o acordo nuclear Brasil-Alemanha, o país ainda não tem
legislação definindo o destino
permanente de resíduos nucleares. Um projeto do então senador
Itamar Franco tramita há nove
anos no Congresso.
O deputado Fernando Gabeira
(PV-RJ) diz que conseguiu reunir
apoio das lideranças, semana passada, para dar "urgência urgentíssima" ao projeto, que dormia na
Comissão de Meio Ambiente da
Câmara. Em contato com o ministro da Ciência e Tecnologia,
Ronaldo Sardenberg, foi informado de que o governo pretende formular proposta alternativa.
"Não é possível inaugurar uma
nova usina com essa precariedade", afirma Gabeira. Mesmo havendo legislação, começará então
a parte mais espinhosa, definir
um local para o depósito definitivo de rejeitos radiativos. Nenhuma comunidade, se consultada
democraticamente, aceitaria.
Já o Greenpeace é contra a entrada em operação, ponto. Segundo Ruy de Goes, a primeira providência quando a casa inunda é fechar a torneira, não enxugar o
chão.
(ML)
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