São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Waldomiro Diniz também deporá no inquérito que apura denúncia de crime eleitoral e corrupção ativa e passiva

PF intima ex-dirigentes da GTech

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal intimou o ex-diretor de marketing Marcelo Rovai e o ex-presidente da GTech do Brasil, Antonio Carlos Lino Rocha, para depor a partir de segunda, em Brasília, no inquérito que apura corrupção ativa, passiva e crime eleitoral que teriam sido cometidos por Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil.
A GTech é uma multinacional que controla as loterias do país mediante um contrato milionário com a CEF (Caixa Econômica Federal). A PF quer descobrir se Waldomiro teve influência na renovação do contrato entre GTech e CEF -que negam qualquer interferência do ex-subchefe.
O vice-presidente do banco estatal até janeiro do ano passado, Mário Haag, também foi intimado a depor. Waldomiro também está com o depoimento marcado para terça-feira. A PF pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico do terminal utilizado por Waldomiro no quarto andar do Palácio do Planalto onde trabalhava. O pedido aguarda parecer do Ministério Público Federal do Rio.
A gestão de Waldomiro na presidência da Loterj (Loterias do Estado do Rio de Janeiro), até 2002, diminuiu de importância nos últimos dias na avaliação da equipe que apura o caso. A Folha ouviu de dois investigadores que à PF importa elucidar os atos praticados por Waldomiro como assessor do ministro José Dirceu.

Receita
Segundo apurou a Folha, a Receita Federal e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começaram a cruzar dados de Waldomiro com empresas do ramo de bingos. O acesso formal dos policiais às informações depende de autorização judicial, uma vez que os documentos fazem parte do sigilo bancário e fiscal do ex-assessor palaciano. A Receita também estaria analisando a declaração do Imposto de Renda dos últimos anos de Waldomiro.
Outra ponta da atuação de Waldomiro no Planalto é sua relação com a GTech do Brasil, por isso a a intimação dos ex-executivos da empresa. Em abril do ano passado, a Caixa renovou por 25 meses o contrato que mantinha com a GTech. A PF suspeita de tráfico de influência de Waldomiro, que se encontrou com Rovai e o empresário de bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em março em um hotel de Brasília.
Waldomiro foi exonerado no dia 13 quando foi divulgado um vídeo em que aparece cobrando propina de 1% sobre doações de campanha que deveriam ser feitas por Cachoeira a candidatos do PT e do PSB ao governo fluminense.
O empresário figura na lista de intimados pela Polícia Federal para a primeira semana de março. Além do depoimento, as empresas de Cachoeira passam por uma devassa na PF.
Segundo a Folha apurou, a Receita e o INSS também estão municiando os investigadores com dados da Gerplan, Capital e BGP -CNPJ, inscrição estadual e o comportamento em relação a dívidas com a União, INSS e FGTS.
Uma das empresas de Cachoeira, segundo apurou a Folha, consta dos pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico feitos pela PF à Justiça. As pessoas jurídicas ligadas ao empresário têm em comum contratos com governos estaduais para exploração de loterias e raspadinhas.
A PF também analisa dados das empresas Cobralog, Picosoft e Bingo Matic. Nos últimos dias, o leque do inquérito sobre Waldomiro Diniz foi ampliado, envolvendo, até agora, os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul e Brasília.


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