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SOMBRA NO PLANALTO
Waldomiro Diniz também deporá no inquérito que apura denúncia de crime eleitoral e corrupção ativa e passiva
PF intima ex-dirigentes da GTech
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal intimou o ex-diretor de marketing Marcelo Rovai e o ex-presidente da GTech do
Brasil, Antonio Carlos Lino Rocha, para depor a partir de segunda, em Brasília, no inquérito que
apura corrupção ativa, passiva e
crime eleitoral que teriam sido cometidos por Waldomiro Diniz,
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil.
A GTech é uma multinacional
que controla as loterias do país
mediante um contrato milionário
com a CEF (Caixa Econômica Federal). A PF quer descobrir se
Waldomiro teve influência na renovação do contrato entre GTech
e CEF -que negam qualquer interferência do ex-subchefe.
O vice-presidente do banco estatal até janeiro do ano passado,
Mário Haag, também foi intimado a depor. Waldomiro também
está com o depoimento marcado
para terça-feira. A PF pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico
do terminal utilizado por Waldomiro no quarto andar do Palácio
do Planalto onde trabalhava. O
pedido aguarda parecer do Ministério Público Federal do Rio.
A gestão de Waldomiro na presidência da Loterj (Loterias do Estado do Rio de Janeiro), até 2002,
diminuiu de importância nos últimos dias na avaliação da equipe
que apura o caso. A Folha ouviu
de dois investigadores que à PF
importa elucidar os atos praticados por Waldomiro como assessor do ministro José Dirceu.
Receita
Segundo apurou a Folha, a Receita Federal e o INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) começaram a cruzar dados de Waldomiro com empresas do ramo de
bingos. O acesso formal dos policiais às informações depende de
autorização judicial, uma vez que
os documentos fazem parte do sigilo bancário e fiscal do ex-assessor palaciano. A Receita também
estaria analisando a declaração do
Imposto de Renda dos últimos
anos de Waldomiro.
Outra ponta da atuação de Waldomiro no Planalto é sua relação
com a GTech do Brasil, por isso a
a intimação dos ex-executivos da
empresa. Em abril do ano passado, a Caixa renovou por 25 meses
o contrato que mantinha com a
GTech. A PF suspeita de tráfico de
influência de Waldomiro, que se
encontrou com Rovai e o empresário de bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em
março em um hotel de Brasília.
Waldomiro foi exonerado no
dia 13 quando foi divulgado um
vídeo em que aparece cobrando
propina de 1% sobre doações de
campanha que deveriam ser feitas
por Cachoeira a candidatos do PT
e do PSB ao governo fluminense.
O empresário figura na lista de
intimados pela Polícia Federal para a primeira semana de março.
Além do depoimento, as empresas de Cachoeira passam por uma
devassa na PF.
Segundo a Folha apurou, a Receita e o INSS também estão municiando os investigadores com
dados da Gerplan, Capital e BGP
-CNPJ, inscrição estadual e o
comportamento em relação a dívidas com a União, INSS e FGTS.
Uma das empresas de Cachoeira, segundo apurou a Folha, consta dos pedidos de quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico feitos
pela PF à Justiça. As pessoas jurídicas ligadas ao empresário têm
em comum contratos com governos estaduais para exploração de
loterias e raspadinhas.
A PF também analisa dados das
empresas Cobralog, Picosoft e
Bingo Matic. Nos últimos dias, o
leque do inquérito sobre Waldomiro Diniz foi ampliado, envolvendo, até agora, os Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás,
Rio Grande do Sul e Brasília.
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