DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com receio de causar mais turbulências na base governista, o PT decidiu mudar a estratégia para negociar a indicação de nomes do partido para integrar o ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste segundo mandato.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou ontem que a Executiva Nacional do partido vai esperar Lula marcar uma reunião para discutir o assunto. Até então, esperava-se que esse encontro ocorresse hoje, mas o presidente não agendou a conversa com os petistas.
"Vamos tratar esta questão com o presidente para que ele tome a decisão. Até para não ter qualquer tipo de constrangimento", afirmou Berzoini. "Vamos aguardar que ele nos chame", completou.
O presidente Lula fez chegar ao PT seu descontentamento com relação às pressões para que Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, seja nomeada ministra das Cidades no lugar de Márcio Fortes, que é apadrinhado pelo PP. Ministros disseram à cúpula do partido que mais pressão pública somente atrapalharia a possibilidade de a ex-prefeita virar ministra no segundo mandato.
Marta, que já foi cotada para ocupar a pasta da Educação, no lugar do também petista Fernando Haddad, é nome forte do PT de São Paulo para concorrer à prefeitura em 2008 -o que o presidente Lula não deseja, caso ela se torne ministra.
Para colocar Marta nas Cidades, o presidente estuda deslocar Fortes para o Ministério da Agricultura. O problema é que a bancada pepista não aceita a mudança. "Dos 41 deputados [da bancada na Câmara], apenas seis apóiam essa idéia", afirmou o deputado Ciro Nogueira (PP-PI).
Segunda vice-presidente do PT, a deputada gaúcha Maria do Rosário afirmou, no entanto, que a decisão do partido não significa um recuo sobre as indicações que vinham sendo aventadas.
"Para nós, está tudo decidido, mas a gente não quer criar dificuldades na base", disse Rosário. "Decidimos que não vamos mais falar sobre ministérios nem sobre nomes."
Ligado à ex-prefeita de São Paulo, o deputado Jilmar Tatto (SP) voltou a dizer que Marta tem "mais perfil" para o ministério das Cidades.
"Mas vamos aguardar a decisão do presidente. Não é razoável apresentar nomes antes para a imprensa", disse Tatto, terceiro vice-presidente do PT.
(ADRIANO CEOLIN)


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