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Garotinho atua em favor de Temer e constrange Cabral
Ex-governador fala de "traição" e diz que votar em deputado para presidir PMDB é lealdade
"Há sempre quem gosta de crescer na divisão", revidou o atual governador, que prefere Nelson Jobim no comando da legenda
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Sérgio
Cabral Filho (PMDB), passou
por constrangimentos ontem
em eventos dos quais participou com o ex-governador Anthony Garotinho e os candidatos à presidência do PMDB, o
deputado Michel Temer (SP) e
o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson
Jobim, em campanha no Rio.
De manhã com Temer e à tarde com Jobim, Cabral ouviu
Garotinho discursar sobre gratidão, lealdade e traição. O ex-governador não citou o governador, mas o recado foi claro:
Garotinho e sua mulher, Rosinha Matheus, a quem Cabral
sucedeu, sentem-se traídos por
ele. Na sede do PMDB, presidido por Garotinho no Estado, o
ex-governador anunciou apoio
a Temer. Cabral disse que votará em Jobim no próximo dia 11.
No discurso, Garotinho disse
que o voto em Temer é o da
lealdade, pois o presidente do
PMDB apoiou-o na fracassada
campanha para tentar disputar
a Presidência da República pelo
partido, no ano passado. "Vossa
Excelência não vai encontrar
em mim um ingrato. Um dos
pilares da convivência política
é a lealdade", discursou, interrompido por sua filha, que gritou, perto de Cabral e olhando
para ele: "Basta de ingratidão".
Os Garotinho estão revoltados com Cabral basicamente
por dois motivos: o fim do Cheque Cidadão, criado pelo ex-governador, e a nomeação da petista Benedita da Silva, inimiga
da família, para o secretariado.
O site www.anthonygarotinho.com.br destaca texto de
sua autoria: "A Traição".
No discurso, Cabral revidou.
Disse que só teve dois partidos
na vida (Garotinho teve vários)
e que foi impedido de levar para
o diretório a sessão de apoio a
Jobim, realizada mais tarde.
"Há sempre aqueles que gostam de crescer na divisão. Não é
o seu caso", afirmou Cabral para Temer. Pouco depois, deixou
o salão sem se despedir de Garotinho e Rosinha.
No evento com Jobim, Garotinho repetiu que não o apoiará, mas que o respeita. Voltou a
falar em lealdade e lembrou
que o ex-ministro tem apoio de
líderes peemedebistas que não
apoiaram na disputa presidencial do partido no ano passado.
"Sou adepto do velho discurso:
me diga com quem andas e eu
te direi quem és", declarou, referindo-se aos senadores José
Sarney e Renan Calheiros, que
apóiam o ex-ministro. Na saída,
perguntado sobre a fala de Garotinho, Jobim limitou-se a dizer: "A recíproca é verdadeira".
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