São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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PAINEL

Espírito envenenado 1
O ataque especulativo da fisiologia deixou marca no estado de espírito de Lula. O presidente se surpreendeu com a voracidade dos aliados, e agora se pergunta com quem de fato pode contar.

Espírito envenenado 2
Outro elemento a turvar o humor de Lula foi a acusação de "inépcia" feita por José Serra ao governo. O termo ressuscitou ressentimentos de 2002, quando tucanos repetidamente questionaram os atributos do petista para exercer a Presidência.

Solução caseira
Em fase petista puro-sangue, Lula inclina-se a entregar ao Professor Luizinho a liderança do governo na Câmara, abandonada por Miro Teixeira. Outros no governo defendem composição, com a entrega do cargo a um deputado de partido aliado.

Em alta
Cresce o apreço do Planalto pelo líder petista na Câmara, Arlindo Chinaglia, que estaria se revelando combativo -sem ser truculento- na hora do aperto.

Em baixa
É grande o incômodo governamental com José Múcio (PTB-PE), na vanguarda das queixas da base aliada. Veneno em circulação na Esplanada: se o deputado defendesse o governo com insistência semelhante à usada para pedir verbas, a crise política já teria sido debelada.

Conta-gotas
A disposição do governo para abrir o cofre a aliados indóceis pode se revelar menor do que a anunciada. A ordem é quitar pendências de 2003. Demais exigências seriam atendidas com parcimônia e mediante atestado de bom comportamento.

Mato sem cachorro
Em tom bem-humorado, José Dirceu diz que a crise, de tão feia, atingiu até seu cão. A temporada de chuvas em Brasília tem deprimido o labrador do ministro, que pouco sai de casa.

Bomba a desarmar 1
Na agenda do governo, a próxima dor de cabeça tem três letras: MST. Os ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Dulci (Secretaria Geral) receberam a missão de convencer os líderes do movimento a suspender as invasões prometidas para abril.

Bomba a desarmar 2
São poucos os instrumentos à disposição de Rossetto e Dulci para amansar o MST. Lula autorizou-os a prometer o de sempre: velocidade nas desapropriações e melhorias na infra-estrutura dos assentamentos.

Fora da toca
A UNE anuncia para a próxima semana suas primeiras manifestações contra a política econômica de Lula. Os estudantes prometem ir às ruas de terça a quinta nas principais capitais.

Missão criticada
Depois de manifestar desgosto com a gestão da economia, deputados e acadêmicos petistas preparam abaixo-assinado contra o envio de tropas brasileiras ao Haiti. Argumentam que as forças estrangeiras estão "violando a soberania" do país.

Freelance
Delegados da Polícia Federal assumiram as assessorias de imprensa do órgão. Os titulares desses cargos são agentes que permanecem em greve.

Troca de sopapos
Em resposta ao tucano Edson Aparecido, que rechaçou crítica de José Dirceu a Geraldo Alckmin, o líder do PT na Assembléia, Cândido Vaccarezza, reforça o discurso do chefe da Casa Civil: "O Estado está à beira da irresponsabilidade fiscal".

Visita à Folha
Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Patrícia de Paula Leite, assessora de imprensa.

TIROTEIO

Do deputado federal petista Dr. Rosinha (PR), sobre a defesa da ética na política feita pelo PFL em nota dos partidos de oposição contra o governo Lula:
-Os pefelistas não podem acreditar que o fato de agora estarem na oposição é suficiente para transformá-los, de uma hora para outra, em vestais.

CONTRAPONTO

Madeixas ao vento

Durante sua campanha à reeleição, em 2002, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi supervisionar as obras do rodoanel Mário Covas, vitrine tucana na capital do Estado.
Calvo desde a juventude, Alckmin acompanhou a vistoria com a cabeça protegida por um capacete. Encerrado o compromisso de campanha, os assessores do tucano reuniram a imprensa para improvisar uma entrevista coletiva a céu aberto.
Foi escolhido um ponto no alto do morro, com o canteiro de obras ao fundo. Mas, pouco antes de a entrevista começar, uma assessora determinou aflita:
-Não, aqui não.
O grupo foi então removido para um outro local, de onde era impossível enxergar a obra. O espanto foi geral quando a assessora resolveu explicar o motivo da mudança:
-Naquele lugar, o vento ia despentear o governador.


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