São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Pesquisa CNI/Ibope mostra ainda que caso Waldomiro é notícia mais lembrada sobre o governo

Aprovação ao governo Lula cai 12 pontos em três meses

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisa encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) ao Ibope mostra queda de 12 pontos percentuais na aprovação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a maior queda nas cinco pesquisas feitas pelo instituto desde o início da atual gestão. O índice de aprovação, que era de 66% em dezembro, passou para 54% neste mês, o menor nos cinco levantamentos.
A desaprovação à administração Lula subiu de 25% para 39%. A pesquisa mostra que o caso Waldomiro Diniz "colou" na imagem da gestão do presidente petista. No "recall" de notícias sobre o governo, o episódio é o mais citado, com 12% de menções, seguido da proibição dos bingos, com 10%, e da ação de governistas para barrar uma CPI, com 4%.
A pesquisa, realizada entre os dias 20 e 25 deste mês em 151 municípios de todos os Estados, ouviu 2.000 eleitores com 16 anos ou mais. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Ao apresentar a pesquisa, o diretor de desenvolvimento da CNI, Marco Antônio Guarita, disse que fica clara a preocupação da população com o crescimento econômico e a geração de empregos. Entre as principais tarefas do governo Lula para este ano, 58% afirmam que é a promoção de emprego, 21% apontam a melhoria de salários, 11% citam o controle da inflação, e 8% indicam a melhoria das condições sociais.
O percentual dos que consideram o governo ótimo ou bom caiu de 41%, em dezembro último, para 34%, enquanto o índice dos que o consideram ruim ou péssimo subiu de 14% para 23%.
A confiança no presidente, embora continue elevada, também sofreu queda. O percentual dos que confiam em Lula era de 69% em dezembro e passou para 60% na última pesquisa. O índice de pessoas que não confiam no presidente subiu de 26% para 36%.
De acordo com a MCI Marketing, Estratégia e Comunicação Institucional, que fez a análise da pesquisa, o cenário de pessimismo moderado verificado na pesquisa anterior evoluiu para um cenário de forte pessimismo em relação a questões como desemprego, inflação e renda.
A MCI atribui a queda da avaliação do governo ao caso Waldomiro e ao anúncio de vários indicadores econômicos desfavoráveis nos últimos três meses, como a retração do PIB do país em 2003 e o aumento do desemprego.
A pesquisa mostra que as quedas de expectativa e das avaliações ocorrem de maneira contundente nos municípios com mais de 100 mil habitantes, capitais e periferias das grandes cidades. Nas com mais de 100 mil habitantes, 53% dizem que o país está "no caminho errado", contra 36% que acham que está na direção certa.
Os resultados econômicos do ano passado e o escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, de acordo com a MCI, refletiram diretamente na expectativa do brasileiro sobre a evolução da economia.
Enquanto, em dezembro, 40% dos entrevistados achavam que a inflação iria aumentar e 23% afirmavam que iria diminuir, hoje 48% dizem que vai aumentar, e só 13% acreditam que vá diminuir.
Em relação ao desemprego, 54% dizem que vai aumentar, e 21%, que vai diminuir. Há três meses, 47% acreditavam em aumento do desemprego, enquanto 29% apontavam para a redução.
Entre as regiões do país, a maior queda de avaliação aconteceu no Sudeste. Em relação a todos os tópicos pesquisados, houve queda na avaliação das ações do governo. Dos temas apresentados, a aprovação de ações continua com saldo positivo no combate à fome e à pobreza. O índice nesse item era de 73% e caiu para 59%.

Datafolha
No início do mês, pesquisa Datafolha revelava que o maior prejudicado político com o caso Waldomiro era seu ex-chefe: 67% dos entrevistados achavam que o ministro José Dirceu (Casa Civil) deveria se afastar de seu cargo.
O levantamento também mostrava que 81% defendiam uma CPI para o caso Waldomiro, surgido com a divulgação de uma fita de vídeo de 2002 em que o ex-assessor, então no governo Benedita da Silva (PT-RJ), aparece pedindo propina a um empresário. Na pesquisa Datafolha, foram ouvidas 2.306 pessoas em 132 cidades de todos os Estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais.


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