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Liderança do governo na Câmara é "degustação de sapos", diz Miro
DA REPORTAGEM LOCAL
O líder do governo na Câmara
dos Deputados, Miro Teixeira
(RJ), classificou ontem de uma
"degustação de sapos" permanente o exercício do cargo. O parlamentar, que se filiou ontem ao
PPS, informou o Planalto há 15
dias de que deseja sair da função.
Como exemplo dos sapos que
teve de engolir, o ex-ministro das
Comunicações citou uma declaração de um parlamentar que lhe
teria dito sentir "saudades" de
Waldomiro Diniz: "Ele disse: "Eu
estou mesmo com saudades do
Waldomiro". Achei que fosse
brincadeira. O cara falava sério".
O nome do parlamentar, afirmou Miro, será revelado em plenário: "Quando entregar a liderança, vou perguntar a ele como
era a frase que me falou para ver
se ele repete no microfone. Essas
coisas são para serem feitas publicamente. Esse aí vai ser chamado
no microfone da Câmara". Para
Miro, "como líder do governo,
você faz um exercício de degustação de sapos permanentemente".
Questionado sobre tal deputado
ser da base aliada, Miro Teixeira
respondeu: "Se não fosse, não teria saudades do Waldomiro".
Waldomiro Diniz, ex-funcionário da Casa Civil, foi demitido, a
pedido, após divulgação de fita de
2002 em que aparece pedindo
propina a empresário do ramo de
jogos. Cabia a ele o acompanhamento da liberação de emendas e
de demandas dos parlamentares.
Miro Teixeira deixou neste ano
o PDT, cuja liderança se colocou
na oposição ao governo. Disse
que no PPS "não será tolhido" e
que "terá mais liberdade para agir
na política local e para falar na política nacional". "Não vim para o
PPS para ficar como um filiado
bem-comportado."
Ao lado de Roberto Freire, presidente do PPS e um dos principais críticos aliados da política
econômica do governo, Miro evitou julgar a atual administração.
"Não conheci nenhum gênio
que apresentasse uma fórmula
heterodoxa que funcionasse".
Disse apenas que, se fosse dar
uma sugestão ao governo, "proporia mais enfrentamento em algumas situações". Referia-se à
vulnerabilidade externa do país.
Miro disse "ainda "ter chão" para
perder mais popularidade" devido à situação econômica atual.
Indagado sobre críticas de sua
nova sigla à gestão Lula, foi político: "Você não quer que eu entre
no partido divergindo do presidente. Acho que quem se queixa
se queixa sempre com razão".
(JULIA DUAILIBI)
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