São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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Liderança do governo na Câmara é "degustação de sapos", diz Miro

DA REPORTAGEM LOCAL

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Miro Teixeira (RJ), classificou ontem de uma "degustação de sapos" permanente o exercício do cargo. O parlamentar, que se filiou ontem ao PPS, informou o Planalto há 15 dias de que deseja sair da função.
Como exemplo dos sapos que teve de engolir, o ex-ministro das Comunicações citou uma declaração de um parlamentar que lhe teria dito sentir "saudades" de Waldomiro Diniz: "Ele disse: "Eu estou mesmo com saudades do Waldomiro". Achei que fosse brincadeira. O cara falava sério".
O nome do parlamentar, afirmou Miro, será revelado em plenário: "Quando entregar a liderança, vou perguntar a ele como era a frase que me falou para ver se ele repete no microfone. Essas coisas são para serem feitas publicamente. Esse aí vai ser chamado no microfone da Câmara". Para Miro, "como líder do governo, você faz um exercício de degustação de sapos permanentemente".
Questionado sobre tal deputado ser da base aliada, Miro Teixeira respondeu: "Se não fosse, não teria saudades do Waldomiro".
Waldomiro Diniz, ex-funcionário da Casa Civil, foi demitido, a pedido, após divulgação de fita de 2002 em que aparece pedindo propina a empresário do ramo de jogos. Cabia a ele o acompanhamento da liberação de emendas e de demandas dos parlamentares.
Miro Teixeira deixou neste ano o PDT, cuja liderança se colocou na oposição ao governo. Disse que no PPS "não será tolhido" e que "terá mais liberdade para agir na política local e para falar na política nacional". "Não vim para o PPS para ficar como um filiado bem-comportado."
Ao lado de Roberto Freire, presidente do PPS e um dos principais críticos aliados da política econômica do governo, Miro evitou julgar a atual administração.
"Não conheci nenhum gênio que apresentasse uma fórmula heterodoxa que funcionasse".
Disse apenas que, se fosse dar uma sugestão ao governo, "proporia mais enfrentamento em algumas situações". Referia-se à vulnerabilidade externa do país. Miro disse "ainda "ter chão" para perder mais popularidade" devido à situação econômica atual.
Indagado sobre críticas de sua nova sigla à gestão Lula, foi político: "Você não quer que eu entre no partido divergindo do presidente. Acho que quem se queixa se queixa sempre com razão". (JULIA DUAILIBI)


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