São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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HONESTO E FAMOSO

Homem achou dólares em banheiro de aeroporto e devolveu ao dono

Faxineiro ganha fama e prêmios

ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Francisco Basílio Cavalcante, o faxineiro do aeroporto de Brasília que encontrou (e devolveu) uma carteira contendo US$ 10 mil, recebe agora as recompensas por sua honestidade. Já ganhou passagens aéreas, a quitação de contas em atraso, das prestações do colchão que estava pagando e a possibilidade de um salário maior.
Além disso, é reconhecido e cumprimentado por colegas e pelas pessoas que passam por ele. Dentro do banheiro do aeroporto, um turista pedia para ser fotografado a seu lado. "O telefone lá de casa não pára de tocar", conta sua mulher, Raimunda Nonata.
Cavalcante afirma que não sabia quanto dinheiro havia na carteira. "Vi umas notas, achei que tinha uns R$ 200." Apesar disso, diz que não se arrepende de ter devolvido o dinheiro. Segundo ele, uma companhia aérea lhe deu três passagens para ir visitar sua família em Sobral (CE). Ele trabalha no aeroporto há 26 anos e, nesse tempo todo, só andou de avião uma vez, de Brasília a Petrolina. "Foi uma passagem que ganhei", diz.
Além disso, uma pessoa lhe deu dinheiro para pagar uma conta de luz e uma de água que estavam atrasadas. Somadas, as duas custariam R$ 58. Trabalhando para uma empresa terceirizada, ele ganha R$ 370 por mês. Para juntar os US$ 10 mil que encontrou (cerca de R$ 29.500), levaria quase sete anos.
Cavalcante, que tem 55 anos e mora com a mulher e um dos cinco filhos em Céu Azul (GO), diz agora que espera alguém para quitar a escritura de sua casa, que custa cerca de R$ 800.
O dinheiro encontrado no banheiro do aeroporto há pouco mais de duas semanas pertencia a um turista suíço. Cavalcante não chegou a conhecê-lo porque entregou a carteira à Infraero. "Eu queria conhecer o suíço. De repente, Deus toca o coração dele e ele deposita um dinheiro na minha conta."
Anteontem, Cavalcante foi recebido pelo presidente Lula. Acompanhado do presidente da Infraero, Carlos Wilson, conversou com Lula por cerca de 15 minutos e ganhou um autógrafo no macacão que usa para trabalhar. "Sempre quis conhecer o Lula." O presidente pediu a Wilson que tentasse contratar o faxineiro. Se conseguir, Cavalcante ganhará no mínimo R$ 750.


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