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HONESTO E FAMOSO
Homem achou dólares em banheiro de aeroporto e devolveu ao dono
Faxineiro ganha fama e prêmios
ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Francisco Basílio Cavalcante,
o faxineiro do aeroporto de Brasília que encontrou (e devolveu)
uma carteira contendo US$ 10
mil, recebe agora as recompensas por sua honestidade. Já ganhou passagens aéreas, a quitação de contas em atraso, das
prestações do colchão que estava pagando e a possibilidade de
um salário maior.
Além disso, é reconhecido e
cumprimentado por colegas e
pelas pessoas que passam por
ele. Dentro do banheiro do aeroporto, um turista pedia para
ser fotografado a seu lado. "O
telefone lá de casa não pára de
tocar", conta sua mulher, Raimunda Nonata.
Cavalcante afirma que não sabia quanto dinheiro havia na
carteira. "Vi umas notas, achei
que tinha uns R$ 200." Apesar
disso, diz que não se arrepende
de ter devolvido o dinheiro. Segundo ele, uma companhia aérea lhe deu três passagens para
ir visitar sua família em Sobral
(CE). Ele trabalha no aeroporto
há 26 anos e, nesse tempo todo,
só andou de avião uma vez, de
Brasília a Petrolina. "Foi uma
passagem que ganhei", diz.
Além disso, uma pessoa lhe
deu dinheiro para pagar uma
conta de luz e uma de água que
estavam atrasadas. Somadas, as
duas custariam R$ 58. Trabalhando para uma empresa terceirizada, ele ganha R$ 370 por
mês. Para juntar os US$ 10 mil
que encontrou (cerca de R$
29.500), levaria quase sete anos.
Cavalcante, que tem 55 anos e
mora com a mulher e um dos
cinco filhos em Céu Azul (GO),
diz agora que espera alguém para quitar a escritura de sua casa,
que custa cerca de R$ 800.
O dinheiro encontrado no banheiro do aeroporto há pouco
mais de duas semanas pertencia
a um turista suíço. Cavalcante
não chegou a conhecê-lo porque entregou a carteira à Infraero. "Eu queria conhecer o suíço.
De repente, Deus toca o coração
dele e ele deposita um dinheiro
na minha conta."
Anteontem, Cavalcante foi recebido pelo presidente Lula.
Acompanhado do presidente da
Infraero, Carlos Wilson, conversou com Lula por cerca de 15
minutos e ganhou um autógrafo
no macacão que usa para trabalhar. "Sempre quis conhecer o
Lula." O presidente pediu a Wilson que tentasse contratar o faxineiro. Se conseguir, Cavalcante ganhará no mínimo R$ 750.
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