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Senador volta a ministério sob denúncias
Alfredo Nascimento, do PR, nega envolvimento em irregularidades durante a campanha eleitoral do ano passado
Parlamentar, que foi titular dos Transportes no primeiro mandato de Lula, não terá sob sua alçada a gestão dos portos, que vai para o PSB
FÁBIO ZANINI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversa no Planalto, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva oficializou o convite para
que o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), 54, retorne ao
Ministério dos Transportes.
O convite a Nascimento
ocorreu apesar do surgimento
de acusações de irregularidades na sua campanha eleitoral
ao Senado, como uso de um falso CNPJ (Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica) e pagamento
irregular de gasolina. O senador nega as acusações. Ele foi
titular da pasta de 15 de março
de 2004 a 31 de março de 2006,
quando se desincompatibilizou
para ser candidato ao Senado, e
elegeu-se com 629 mil votos.
Lula avisou ao futuro ministro que a pasta perderá parte
das atribuições com a criação
da Secretaria Nacional dos Portos, que terá status de ministério, e será comandada por Pedro Brito. Nascimento disse
que a decisão de Lula geraria
queixas no seu partido, o PR,
mas que seriam superáveis.
Brito será ministro na cota
do PSB e do ex-ministro da Integração Nacional e hoje deputado Ciro Gomes (CE). Brito
era o número dois de Ciro na
pasta e passou a chefiá-la quando este deixou o cargo em 2006
para concorrer à Câmara.
A criação da pasta com status
de ministro para o titular é uma
forma de compensar o PSB. A
Integração Nacional hoje está
na cota do PMDB, sendo comandada pelo deputado federal Geddel Vieira Lima (BA).
A posse de Nascimento deverá acontecer na quinta-feira,
mesmo dia em que assumirão
seus cargos os futuros ministros do Desenvolvimento e da
Comunicação Social -respectivamente os jornalistas Miguel
Jorge e Franklin Martins.
De acordo com o líder do PR,
Luciano Castro (RR), o presidente Lula teria se solidarizado
com o senador que não deu declarações na saída do encontro
com o presidente.
Nascimento evitou a imprensa de propósito, para não ser
abordado sobre as acusações.
O PR ficará com o controle
do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes), que rende dividendos políticos nos Estados.
Reforma
Lula tem discutido a reforma
ministerial ao longo dos últimos cinco meses. Hoje tem 34
ministros. Passará a ter 36 pessoas no primeiro escalão com
essa status. Algumas pastas só
dão status de ministro ao seu titular. Outras têm status de ministério -estrutura administrativa maior, por exemplo.
O presidente ainda discute
reservadamente mudanças no
Ministério da Defesa. Lula tem
dificuldade de demitir o atual
titular, Waldir Pires, pois não
deseja que carimbá-lo como
responsável pela falta de solução para o apagão aéreo.
O presidente porém, está
preocupado com o desgaste
que o assunto provoca e pretende trocá-lo. Avalia que a
oposição encontrou uma bandeira que pode queimar parte
do capital político obtido numa
reeleição em que superou as
crises do primeiro mandato.
Colaboraram FERNANDA KRAKOVICS, PEDRO DIAS LEITE e EDUARDO SCOLESE, da Sucursal
de Brasília
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