São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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DEM diz que denúncia contra partidos é para "desviar foco" de refinaria

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais partidos da oposição disseram ontem que ação da Polícia Federal durante a Operação Castelo de Areia teve viés político ao não incluir o PT entre os partidos que receberam doações da Camargo Corrêa. PSDB e DEM vão à Justiça para ter acesso ao processo.
Para Rodrigo Maia, presidente do partido, a divulgação da denúncia tem como objetivo "desviar o foco" da operação, que também investiga supostas irregularidades em refinaria da Petrobras em Pernambuco.
"Imagina se o PT não tem nenhum político que tenha recebido recursos de forma ilegal? Nós não estamos contra a operação, o problema é como essas operações são divulgadas", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
Já o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), chamou o ministro Tarso Genro de "sinistro" da Justiça.
Após reunião da Executiva, o DEM divulgou nota em que afirma que "todas as doações recebidas pelo Democratas foram legais e estão aprovadas" e ameaça ir ao STF "caso não tenha amplo acesso às provas colhidas", para que tenha asseguradas "as condições necessárias ao seu pleno direito de defesa".
O líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP), rebateu críticas. "[A ação] aconteceu por decisão judicial, não da PF. O que um juiz decide não tem a ver com viés político."
Indagado sobre pressões políticas, Tarso disse que isso "é natural". "As pessoas atribuem culpa à PF, mas nunca avaliam conduta equivocada que possam ter tomado. Esquecem que a PF só investiga fatos."
O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, também negou que a Castelo de Areia tenha como objetivo principal apurar eventuais crimes eleitorais e refutou que o trabalho da instituição tenha viés político-eleitoral. "A PF não atua voltada a questões político-eleitorais. Esses eventuais repasses, se são lícitos ou ilícitos, a PF não faz juízo de valor. Citamos porque é dever relatar."
Todo o material coletado será analisado e, se houver "robustez", como disse o diretor-geral da PF, um novo inquérito será aberto para investigar supostos crimes eleitorais.
A corregedoria do Senado vai investigar as doações da Camargo Corrêa a Agripino e Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O pedido partiu do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O corregedor, Romeu Tuma (PTB-SP), disse que vai pedir à PF os trechos do inquérito referentes aos senadores para avaliar se receberam doação ilegal.
Se isso for confirmado, ele afirmou que irá mandar o processo para o Conselho de Ética, que pode abrir investigação por quebra de decoro. Flexa e Agripino usaram a tribuna para criticar "o vazamento das informações da operação da PF".
Ambos sustentaram que as doações foram legais e divulgaram cópias de recibo. O tucano recebeu R$ 200 mil, que foram oficialmente doados ao PSDB do Pará. Agripino disse que o DEM-RN é que recebeu a doação. "A menção capciosa que foi vazada é de que era uma doação a mim, como o que está posto inclusive em alguns jornais de hoje, o que me motivou a pedir ao partido a cópia do recibo."


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