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Secretário de Defesa dos EUA vem ao país negociar parceria
Robert Gates desembarca em Brasília em meados de abril para tratar de política regional e da venda de armamentos
Compra de caças para a FAB deve ficar fora da pauta de discussões; Embraer quer vender 200 aviões para a Marinha norte-americana
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O secretário da Defesa dos
Estados Unidos, Robert Gates,
fará uma visita ao Brasil em
meados de abril -a data final
ainda está sendo negociada.
Segundo a Folha apurou, as
discussões com o governo brasileiro deverão ter como foco as
negociações militares, a política regional e a elaboração de
um documento de parceria estratégica.
Gates deverá passar também
por outros países da América
do Sul que ainda não foram
anunciados. A viagem ao Brasil
ocorre após convite do ministro Nelson Jobim (Defesa), que
se encontrou com o secretário
americano em Nova York no
mês de fevereiro.
Pelo menos um grande negócio será discutido. A Embraer
quer fornecer aviões Super Tucano para a Marinha dos EUA,
e já há tratativas para uma
eventual compra, que pode
chegar a 200 unidades.
Caças
Já a compra de caças pela
FAB, negócio bilionário que se
arrasta há uma década e tem
um concorrente americano na
disputa, não deverá ser discutida caso o cronograma anunciado por Jobim seja cumprido.
Ele diz que a escolha ocorrerá
até a Páscoa, e o F-18 americano é dado como descartado.
O temor em alguns setores
do governo e da indústria é de
que a quase certa escolha do caça francês Rafale pelo Brasil
afete a compra dos Super Tucanos e outros negócios da empresa brasileira, que depende
de fornecedores americanos.
Para os EUA, mesmo se o F-18
não for escolhido, a seleção do
preferido da FAB, o sueco Gripen, seria mais palatável.
Gates deverá também avançar na negociação de um acordo
de parceria estratégica com o
Brasil, mas sabe que há resistências no Itamaraty em torno
de uma percepção de alinhamento a Washington. É mais
provável que seja anunciada
uma parceria mais genérica.
Tensão regional
O secretário americano deverá ainda manter conversas
sobre um dos focos de tensão
regional, o contencioso Venezuela-Colômbia. O antagonismo da pró-EUA Bogotá e a anti-EUA Caracas é uma das situações mais inflamáveis no subcontinente hoje. Alguns no lado
brasileiro esperam que a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) entre na pauta.
A questão do uso de sete bases em território colombiano
pelos EUA, que gerou protestos
brasileiros e uma crítica estridente de boa parte da Unasul
ano passado, por ora é dada como resolvida.
No ano passado, a Unasul firmou um documento que diz
que "os EUA se comprometem
formalmente" a fazer com que
pactos não sejam fonte de
ameaça também à estabilidade
e que não terão efeito sobre
nem o território nem espaço de
outros Estados.
A visita de Gates chega pouco
após o Brasil receber a secretária de Estado dos EUA, Hillary
Clinton, no começo do mês. O
presidente Barack Obama também poderá ir ao país ainda
neste semestre. Para analistas,
porém, existem poucas chances de haver uma aproximação
prática real, devido à divergência de interesses.
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