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Racha em encontro forma 3 grupos
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora os governadores tenham assinado um documento
de consenso ontem, em Brasília, a
atitude deles está longe de ser
unânime. Pelo contrário, a reunião que foi realizada num hotel
vizinho ao Palácio da Alvorada
marcou uma divisão entre os chefes dos executivos estaduais.
A governadora Rosinha Matheus (PMDB-RJ) fez a seguinte
análise ao final: "Chegamos a um
meio termo. O tema mais importante da reunião foi a forma de
calcular a receita líquida real dos
Estados para o pagamento das dívidas. Esse assunto está no documento final e terá de ser debatido
com o presidente -se ele nos
convidar para uma reunião". O
encontro entre a governadora e o
presidente deve ocorrer amanhã.
Para Rosinha, "há duas maneiras de resolver o problema" de como calcular qual é a receita líquida real de cada Estado -que é o
valor sobre o qual se aplica o percentual de pagamento das dívidas
estaduais. "A primeira solução seria administrativa, com o governo
federal editando uma MP indicando como deve ser a maneira
correta de se calcular essa receita
líquida. A outra forma é irmos ao
Supremo Tribunal Federal e pedir
que seja especificada a melhor
forma de se fazer esse cálculo".
Rosinha quer a exclusão de alguns
gastos, como educação e saúde.
Por ora, o Rio não vai ao Supremo. "Vamos esperar um pouco
para que o governo se manifeste",
disse Rosinha. Quanto tempo? "É
um problema urgente", respondeu, sem fixar prazos. Pelos cálculos dela, o Rio poderia economizar até R$ 300 milhões por ano
com um recalculo da receita.
Quando a reunião começou, foi
projetado numa tela um documento divulgado por peemedebistas na semana passada. O primeiro ponto era a renegociação
da dívida dos Estados. Logo no
início das discussões, Rosinha foi
ao banheiro, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) sugeriu a mudança da ordem da pauta. "Não devemos discutir primeiro a dívida, mas o crescimento
econômico, que eleva a arrecadação e resolve nosso problema".
Germano Rigotto (RS), do partido de Rosinha, concordou. Ao
chegar, ela reclamou em tom ríspido: "Assim não dá para confiar.
Me levanto e vocês mudam tudo".
Três grupos
Foi possível identificar três grupos principais entre os governadores, algo bem diferente das reuniões sem dissenso de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tomava a iniciativa de
marcar os encontros. São eles: 1)
os governistas explícitos, como o
petista Jorge Vianna (AC), Ronaldo Lessa (PSB-AL) e Paulo Hartung (PSB-ES); 2) os "do contra",
como Roberto Requião (PMDB-PR) e Rosinha; e 3) a turma do
"deixa disso", de Alckmin, Aécio
Neves (PSDB-MG) e Rigotto.
Num dado momento da reunião, após Requião e Rosinha insistirem em incluir a rediscussão
da dívidas estaduais, Alckmin fez
uma intervenção, pedindo ponderação aos colegas: "Não podemos sair daqui como pedintes".
"O problema são os governadores que falaram com o Zé Dirceu",
disse Rosinha, ao final, referindo-se ao fato de o ministro José Dirceu (Casa Civil) ter mantido contato com governadores para evitar posição final muito beligerante. Isso surtiu efeitos. O documento dos peemedebistas falava até
em recurso à Justiça. Só Requião e
Rosinha mantiveram a posição.
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