São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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OUTRO LADO

Promotor diz que dados sobre morte são "irrelevantes"

DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor de Justiça de Santo André Roberto Wider Filho, um dos autores da denúncia contra o empresário Sérgio Gomes da Silva, disse ontem que documentos produzidos pela investigação da Polícia Civil sobre o assassinato do presidiário Dionízio de Aquino Severo não foram anexados aos autos que tratam do crime contra o prefeito Celso Daniel porque eram "irrelevantes".
Segundo o promotor, a possibilidade de o crime contra Severo ter sido ordenado pelo PCC "é bastante possível", mas não "muda em nada" um dos principais pontos da acusação do Ministério Público, de que há ligação entre Severo e a quadrilha da favela Pantanal. As circunstâncias da morte de Severo, segundo o promotor, são apuradas em outro inquérito criminal.
Para o promotor, a divulgação de documentos pela defesa, ontem, faz parte de uma estratégia jurídica. "A defesa provavelmente quer influenciar o ânimo dos ministros do STJ [Superior Tribunal de Justiça] que julgarão o pedido de habeas corpus [do empresário]", disse Wider. O julgamento é aguardado para os próximos dias desta semana.
O promotor afirmou que a confissão e os telefonemas do ex-líder do PCC Cesinha não são suficientes para elucidar o assassinato de Severo. Segundo ele, "sem dizer as circunstâncias, como "liguei de telefone tal, no número tal", a confissão de Cesinha fica muito vaga".
De acordo com Wider, Cesinha prestou um outro depoimento, no qual negou participação no crime.
A jornalista da TV Bandeirantes Fátima Souza, que teve conversas suas interceptadas pela Polícia Civil e divulgadas ontem pelo advogado Roberto Podval, disse que ele se equivocou ao dizer que não se deu divulgação "com ênfase necessária" aos telefonemas dados por Cesinha, nos quais assumiu participação no assassinato.
"Divulgamos tudo na mesma noite, na seqüência, ao vivo, dizendo exatamente que o PCC assumia ter mandado matar Dionízio", contou a jornalista, autora de diversas reportagens sobre ações do PCC.
"Há 75 horas de conversas minhas gravadas pela polícia. Sabe-se isso desde 2002, mas nunca fui acusada pela polícia de ter cometido alguma irregularidade. Converso com o PCC como converso com autoridades, com mocinhos, com bandidos. Essa é a nossa rotina", disse Fátima, que há mais de 17 anos atua na cobertura policial. (RV)


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