São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Ministra se compromete com Lula a liberar usinas

Presidente barra ida de Paulo Lacerda, da PF, para o Ibama

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) se comprometeu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conceder licença ambiental para a construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira (RO), segundo apurou a Folha.
Cobrada por Lula, que tomou partido dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Silas Rondeau (Minas e Energia), Marina pediu ao presidente que lhe desse um tempo para a construção de uma saída. Lula pediu pressa, pois considera que as usinas Jirau e Santo Antônio são fundamentais para o êxito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Uma das reivindicações dos empresários é a garantia de fornecimento de energia para que façam investimentos. A meta do PAC é elevar o crescimento do PIB para 5% ao ano a partir de 2008. As usinas entrarão em operação, se as obras começarem logo, em 2012. Deverão gerar, juntas, 3.500 MW.
Se o cronograma atrasar, afetará a expectativa dos investidores -assim, haveria menos investimento e um menor índice de crescimento do PIB.
A concessão de Marina começou a ser costurada em 19 de abril. Nessa data, Dilma e Silas apresentaram a Lula um cenário sombrio em relação às usinas. Alertaram Lula para o risco de a obra não ser autorizada, pois o parecer do Ibama não concedera licença ambiental.
Na reunião da coordenação de governo na segunda-feira, Lula e assessores fecharam o cerco a Marina. Ele a chamou no dia seguinte e disse que queria a licença ambiental. Caso contrário, optaria por termelétricas a carvão (muito poluentes) ou aumentaria o investimento em energia nuclear.
Marina, então, cedeu. As modificações no Ibama, que já queria fazer, foram aceleradas. Lula disse a Marina que Dilma e Silas lhe mostraram pareceres divergentes do do Ibama. Na versão deles, os riscos apontados pelo Ibama podem ser resolvidos. Marina concordou.
Sondado por Marina para presidir o Ibama, o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, mostrou simpatia pela idéia, mas Lula barrou a troca por ora. Ele disse à ministra e ao ministro Tarso Genro (Justiça) que deseja que Lacerda fique na PF. A Folha apurou que Lula não quer troca de direção numa hora em que as operações da PF ajudam a imagem do governo.


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