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País não precisa de nova usina, diz professor
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil não tem necessidade de construir mais
hidrelétricas para atingir a
meta do PAC de aumentar
a oferta de energia elétrica
em 12.300 megawatts até
2010. A afirmação é do engenheiro Célio Bermann,
professor do Instituto de
Eletrotécnica e Energia da
USP e autor de um dos capítulos do "Dossiê Energia", lançado ontem pelo
Instituto de Estudos
Avançados da USP.
"Efetivamente não precisa construir uma nova
usina", disse o pesquisador: "O Brasil tem hoje
aproximadamente 70 usinas com mais de 20 anos
que poderiam sofrer uma
repotenciação [troca das
turbinas]", explica.
Se isso fosse feito, mais
ou menos 60% da meta do
Programa de Aceleração
do Crescimento já seria
contemplada: "O custo é
bem menor comparado à
construção de novas usinas, que absorvem 60%
dos investimentos somente em obras civis", lembra.
Os 40% restantes da
meta do PAC poderiam ser
obtidos sem nenhuma nova obra civil: "O próprio
governo assume que as
perdas do setor elétrico
nacional hoje, desde a
transmissão até chegar ao
domicílio ou ao eventual
consumidor industrial,
são da ordem de 15%."
Para Bermann, se houvesse um esforço para que
o desperdício fosse reduzido para 10%, isso já seria
suficiente para fechar a
conta: "Esses 5% de ganho,
que não é muito, permitem atingir a meta do PAC.
O sistema brasileiro todo
hoje tem 97 mil megawatts aproximadamente".
Os processos de repotenciação renderiam quase 8.000 megawatts, e a redução do desperdício,
mais 4.850 megawatts.
Mas "isso tem de ser bem
planejado, porque implica
desligar as usinas para que
as máquinas mais potentes possam ser instaladas".
Segundo Bermann, esse
processo de repotenciação
não ocorreu até hoje no
país por causa da cultura
das megaobras: "Parece
que o governo prefere
construir grandes usinas,
porque elas acabam dando
mais visibilidade", diz.
No debate, alguns especialistas defenderam que
se vá devagar com o andor
da infra-estrutura. "Se eu
tiver que escolher algum
lado em toda essa discussão, escolho por ela. Eu defendo a ministra Marina
Silva", disse Luiz Pinguelli
Rosa, da UFRJ, ex-presidente da Eletrobrás.
Apesar disso, Pinguelli
defendeu o investimento
em hidrelétricas. "O Brasil
tem o maior potencial hidrelétrico do mundo, que
deve ser considerado.
Apenas 25% dele é usado
hoje, enquanto os Estados
Unidos usam 80%."
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