São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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Lula e Ciro são acionados por aliança em MG

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), fecharam anteontem um pacto para tentar reverter a decisão da Executiva Nacional do PT que proíbe uma aliança entre petistas e tucanos na eleição municipal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Ciro Gomes (PSB) vão ajudá-los, segundo apurou a Folha. Lula atuará mais discretamente, nos bastidores. Vice-líder nas pesquisas sobre a sucessão de 2010, Ciro já tem agido publicamente.
Aécio conversou anteontem com o próprio Lula, que criticou a decisão do PT nacional, como antecipou a Folha. Lula a considerou uma "burrice". Ciro disse que o PT teve atitude hostil e inexplicável a um aliado, pois o candidato a prefeito é Márcio Lacerda, do PSB.
Na estratégia de Aécio e Pimentel, o primeiro passo é tentar criar um fato consumado, o que acontecerá hoje, em uma reunião do PT da capital mineira.
Pimentel e seus aliados vão lançar o deputado estadual petista Roberto Carvalho para vice de Lacerda -que integra o secretariado de Aécio e tem boa relação com Pimentel.
O objetivo desse movimento é deixar claro que os tucanos apoiarão um candidato a prefeito e um vice que pertencem ao campo partidário que sustenta Lula. Ou seja, estão dando apoio e não são diretamente beneficiados por ele. A intenção é constranger o PT nacional.
Se a Executiva Nacional do PT não recuar da proibição decidida na última quinta-feira, Aécio e Pimentel selaram um plano B. O PT de Belo Horizonte deixaria de integrar a aliança. Controlado por Pimentel e aliados, a seção municipal não lançaria candidato a prefeito e daria apoio informal a Lacerda. Um vice de outra legenda seria escolhido.
Essa opção é cogitada por Pimentel como última saída. Antes, ele iria até à Justiça para tentar manter a aliança. "Vou recorrer a todas as instâncias. A vontade do PT em Belo Horizonte deve ser respeitada", diz o prefeito.
Aécio afirma que procurará "esgotar todas as chances de entendimento". O governador também disse que espera que "o PT nacional reveja a decisão levando em conta o desejo da maioria dos eleitores de Belo Horizonte, que apóiam a aliança".
Aécio e Pimentel também fizeram um entendimento com Ciro para não recuar da indicação de Lacerda. Uma troca de candidato à essa altura, avaliam os três, equivaleria a uma derrota política.
O presidente Lula acompanha os bastidores da operação. Amanhã, o presidente deverá discutir o assunto na reunião semanal que faz com seus principais ministros para definir as diretrizes de governo.


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