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Eleição desafia "Cidade Limpa" em SP
Kassab quer mostrar que lei municipal prevalece na campanha; projeto é uma das vitrines de prefeito
Idéia já provoca um debate jurídico; oposicionista diz que proposta é "jogada de marketing" do democrata, que é candidato à reeleição
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO
A administração Gilberto
Kassab (DEM) prepara estudo
para mostrar que, mesmo na
campanha eleitoral, prevalecerá a lei Cidade Limpa, uma das
principais vitrines do prefeito.
"Estamos fazendo levantamento para saber se poderá
prevalecer a lei local", diz o secretario de Negócios Jurídicos,
Ricardo Dias Leme.
O setor de jurisprudência do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmou duas decisões
segundo as quais "a propaganda eleitoral deve observar as
posturas municipais". Além
disso, a resolução divulgada especificamente para a eleição de
2008 acrescentou, pela primeira vez, que não se pode contrariar a legislação municipal.
Mesmo assim já há um debate jurídico em curso. A própria
Cidade Limpa define propaganda especial eleitoral e diz
que ela deverá ser feita "na forma prevista na legislação federal eleitoral".
Esse é o argumento de vereadores. Eles defendem que, no
período de campanha, o que vale é a Lei Eleitoral, número
9.504/1997.
Apesar de mais rígida nos últimos anos, ela permite atos,
como pintura de muros particulares, vetados pela Cidade
Limpa. Segundo a lei, em propriedades particulares, é permitida propaganda "por meio
da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições,
que não excedam a 4m2".
Para não deixar dúvidas, o
prefeito deve propor um pacto
entre partidos políticos. A idéia
foi sinalizada em um artigo na
Folha em março, quando escreveu sobre um "acordo de cavalheiros civilizados".
"A Lei Cidade Limpa, uma
conquista do cidadão de São
Paulo, é restritiva, até radical,
em contraste com a legislação
eleitoral, mais liberal, que por
ser de âmbito federal é, portanto, hierarquicamente superior", escreveu Kassab.
Apoiadores do prefeito vêem
no pacto uma vitória de Kassab, já que o projeto tem ampla
aprovação da população. "A lei
eleitoral permite que candidatos pintem muros e acabem sujando a cidade no afã de se divulgar o nome", diz o vereador
Milton Leite (DEM). "Que o
prefeito proponha o acordo."
A idéia do pacto já encontra
resistência. "A Cidade Limpa
foi uma excelente iniciativa e
teve o apoio de todos os partidos na Câmara", diz o líder do
PT, Arselino Tatto. "Nós seremos fiscalizados pelo Tribunal
Regional Eleitoral. Existe uma
legislação eleitoral que normatiza essa questão. Acho que [o
pacto] é mais uma jogada de
marketing do prefeito."
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