São Paulo, Terça-feira, 27 de Abril de 1999
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PAINEL

Armado até os dentes

A recusa de Chico Lopes em depor deu à CPI dos Bancos um aliado de peso: ACM. Contrariado com FHC por causa de suas críticas à CPI do Judiciário, tudo o que o baiano queria era um bom motivo para entrar de cabeça na dos Bancos. O pretexto será a defesa da Casa que preside.

Efeito cascata

O Senado recorrerá a todo o arsenal de que dispõe para incriminar Chico Lopes. Teme que outros convocados também se recusem a depor. Até na CPI do Judiciário. Seria a desmoralização das comissões de inquérito.

As armas do império

Além da quebra do sigilo bancário e fiscal de Chico Lopes, a CPI pode contratar uma empresa para rastrear seus bens no exterior. Providência que a CPI do Judiciário já analisa em relação ao ex-presidente do TRT-SP, Nicolau dos Santos Neto.

Machismo parlamentar

Maldade de um senador sobre o porquê da fúria de Emília Fernandes (PDT-RS) com o não-depoimento de Chico Lopes na CPI dos Bancos: ""Foi uma falta de cortesia. Ela passa horas no cabeleireiro, põe a melhor roupa, e ele vai embora no 1º minuto?".

Saia justa

Pego de surpresa, o Planalto procurou tirar o corpo fora da confusão criada por Chico Lopes. Alega que o economista agiu por conta própria, orientado apenas por seus advogados, e que qualquer consequência deve recair sobre ele. Apenas.

Habeas corpus

Chico Lopes não volta à CPI dos Bancos. Os senadores decidiram que não vão ouvi-lo como réu, condição na qual poderia se recusar a responder perguntas que o incriminassem.

Jogada de risco

O advogado José Gerardo Grossi tinha a estratégia montada para o depoimento de Chico Lopes desde terça passada. Planejou até o nome do ministro ao qual entregaria o habeas corpus para libertar seu cliente: Sepúlveda Pertence (STF), seu velho amigo, que não sabia de nada.


Recuo tático

Os governadores do bloco de oposição desistiram da reunião marcada para amanhã no Rio. A iniciativa do cancelamento foi do anfitrião, Garotinho (PDT), mas não houve resistência. Argumento: é melhor esperar o encontro com FHC, dia 5, para ver o que o presidente proporá.

Fazendo política

Com o esfriamento da possibilidade do impeachment de Celso Pitta e da posse do ex-pefelista Régis de Oliveira, o prefeito paulistano e ACM tentam restabelecer as pontes políticas. A empreiteira baiana OAS tem estimulado os entendimentos.

Tête-à-tête

O ministro Eliseu Padilha (Transportes) deixou o encontro reservado com Mário Covas e Celso Pitta ontem no Palácio dos Bandeirantes 20 minutos antes do seu final. O prefeito paulistano saiu muito bem-humorado da conversa a sós com o tucano.

Chumbo trocado

Condenado por improbidade, o deputado Paulo Marinho (PFL-MA) atribuiu as ações contra si impetradas pela Prefeitura de Caxias ao fato de ter encaminhado ao Ministério Público acusações contra o atual prefeito, Ezíquio Barros Filho.

Visitas à Folha

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado do assessor Gaudêncio Torquato.


O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Paulo Félix, assessor de imprensa.


Olivier Gomes da Cunha, diretor-presidente da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José Joaquim Boarin, superintendente-adjunto, Luiz Fernando Mussolini, vice-presidente do Conselho de Curadores, e Jô Ristow, da Companhia de Notícias.

E-mail: painel@uol.com.br
TIROTEIO

Do deputado federal Fernando Marroni (PT-RS), sobre a manobra do ex-presidente do BC Chico Lopes para não depor na CPI dos Bancos:
- Nem na época do presidente Collor houve tanta cara-de-pau. A desfaçatez atual é tanta que nem se deram ao trabalho de tentar inventar uma Operação Uruguai.

CONTRAPONTO

Atitude suspeita
Governador do Rio Grande do Norte entre 56 e 61, Dinarte Mariz é um típico exemplar do político folclórico do nordeste.
Um das histórias que se contam dele é que, certa vez, foi procurado por um antigo correligionário em busca de emprego.
Querendo agradar ao aliado, pediu a um assessor que descobrisse um posto bem remunerado na área pública.
O assessor informou que havia um cargo de professor de grego vago e com um bom salário na universidade do Estado.
O correligionário retrucou:
- Mas não sei nada de grego.
O assessor explicou:
- Não há problema. Ninguém estuda mais grego, mesmo.
No primeiro dia de aula, porém, havia três alunos na classe. O ""professor" enrolou e, depois, pediu socorro ao governador, que não se apertou. Chamou o chefe de polícia e determinou:
- Há uns subversivos disfarçados de estudantes de grego da universidade. Prenda-os todos.


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