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SISTEMA FINANCEIRO
Ex-parceiros de Lopes, que teriam ficado surpresos com dinheiro no exterior, obedecem a advogados
Ex-sócios em consultoria adotam silêncio
da Sucursal do Rio
Os ex-sócios
de Francisco Lopes na empresa
de consultoria
Macrométrica
adotaram uma
"lei do silêncio",
por orientação
de advogados. Sem dar entrevistas,
eles planejavam falar com a imprensa após depoimento do ex-presidente do Banco Central -estratégia que deve ser reavaliada.
A Folha apurou que os ex-sócios,
à exceção de Sérgio Bragança, estão perplexos com a revelação de
que Lopes teria US$ 1,675 milhão
no exterior. A quantia foi citada
em bilhete assinado por Bragança
e endereçado a Araci Pugliese, mulher de Lopes e sócia da empresa.
A Macrométrica surgiu em janeiro de 84, quando Lopes, Eduardo
Modiano e Dionísio Dias Carneiro
Netto, todos professores de economia da PUC do Rio, criaram a Macrométrica Pesquisas Econômicas.
A parceria durou pouco. Em
março de 85, Carneiro deixou a sociedade, e, em 86, Modiano saiu.
Até então, a empresa era tão pequena que a relação de seus bens,
descrita na ata de dissolução da sociedade entre Modiano e Lopes, resumia-se a uma linha telefônica,
sete cadeiras, dois computadores,
duas impressoras e um arquivo.
O patrimônio da Macrométrica
está no nome de Lopes, que se tornou famoso em 86, como um dos
pais do Plano Cruzado. Até ser nomeado diretor do BC, em janeiro
de 95, ele diversificou seus negócios e criou mais quatro empresas
Macrométrica: Consultoria de
Economia, Sistemas, Projetos Econômicos e Assessoria Financeira.
Elas funcionam em um prédio no
centro do Rio e têm capital inexpressivo. A Macrométrica Pesquisas Econômicas tem capital de R$
40 mil e as demais, R$ 3.000 cada.
Depois de assumir o cargo no BC,
Lopes transferiu suas quotas para a
mulher e para os demais sócios:
amigos de infância, como Bragança, ou oriundos da PUC do Rio.
A venda das quotas para Araci foi
feita a preço simbólico -R$ 1,00
por quota-, uma vez que não haveria desembolso efetivo numa
transação entre marido e mulher.
Em novembro de 95, um outro
amigo de infância de Lopes, o economista Luiz Fernando Souza
Maia, ""adquiriu" as quotas de Araci. A transação foi feita a preço
simbólico (R$ 23.950,00), tomando por base o valor das quotas contabilizado no capital social.
Souza Maia permaneceu com as
quotas até agosto passado, quando
as revendeu pelo mesmo valor a
Araci. Procuradores da República
suspeitam que ele tenha sido só um
preposto de Lopes na consultoria.
Como as transações foram feitas
a preços simbólicos, Lopes não poderá usar a venda da empresa como uma eventual justificativa para
o depósito de US$ 1,675 milhão no
exterior.
(ELVIRA LOBATO)
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