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SISTEMA FINANCEIRO
Na véspera da desvalorização em janeiro, triplicaram contratos que previam alta do dólar na BM&F
Aposta contra real antecedeu mudança
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
Na véspera de
ser anunciada a
desvalorização
do real, com a
mudança da política de bandas,
triplicou o número de contratos de investidores individuais que
apostavam na alta do dólar na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros).
Na segunda-feira, 11 de janeiro,
antevéspera da divulgação da alteração da política cambial, segundo
dados do relatório que a BM&F
enviou à Procuradoria da República, havia apenas 1.105 contratos de
compra de dólar futuro de pessoas
físicas na Bolsa, o equivalente a
US$ 110,5 milhões.
Nesse mesmo dia, um número
ainda maior de contratos de pessoas físicas, 1.490, apostava na manutenção do valor do real. No dia
seguinte, 12 de janeiro, o número
saltou para 3.235.
Ou seja, quando a maioria da população ainda não havia sido informada da desvalorização, as
apostas na alta do dólar feitas por
investidores individuais subiram
para US$ 323,5 milhões.
Nesse mesmo dia, desapareceram todos os investidores individuais que apostavam na manutenção do câmbio.
Essa mudança brusca de posições é apenas um indício de que
pode ter havido vazamento de informações.
Em pouco tempo, o nome desses
investidores deverá ser revelado. O
Ministério Público Federal em
Brasília já recebeu o resultado da
quebra do sigilo das operações na
BM&F e os dados deverão ser solicitados pela CPI dos Bancos em
poucos dias. Paralelamente, a própria CPI já solicitou informações
complementares à Bolsa.
A decisão de se alterar a política
de câmbio, alargando a banda, foi
tomada no dia 11 de janeiro, em
reunião no Palácio do Planalto que
contou com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro Clóvis Carvalho
(Casa Civil), do ministro Pedro
Malan (Fazenda) e do então diretor de Política Monetária do BC,
Francisco Lopes.
No dia 12 pela manhã, data do
aumento das apostas, Lopes informou a decisão a Demósthenes Madureira Pinho Neto, então diretor
de Assuntos Internacionais, e a
Maria do Socorro Costa Carvalho,
à época chefe do Departamento de
Reservas Internacionais.
Segundo a Folha apurou, pelo
menos outras duas pessoas tinham
a informação antes que ela fosse
anunciada. Gustavo Franco, então
presidente do BC, que pediria demissão simultaneamente à mudança no câmbio no dia 13, e Pedro
Parente, que estava na secretaria
executiva da Fazenda.
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