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Atitude foi "irracional", afirma Ermírio
da Reportagem Local
A carreira do ex-presidente do
BC Francisco Lopes no Brasil "está
liquidada", segundo o empresário
Antonio Ermírio de Moraes, do
grupo Votorantim. "Foi uma atitude absolutamente irracional e incompreensível", disse o empresário. "Talvez seja uma estratégia da
defesa, mas é difícil de acreditar".
Lopes faltou com respeito ao
país, segundo Antonio Ermírio.
"Ele deveria depor com altivez, poderia até confessar que errou, mas
deveria ser homem até o fim."
O empresário acha que a atual
safra de CPIs indica um gradual
amadurecimento democrático,
mas teme que, sem uma reforma
do sistema jurídico, os eventuais
atos ilícitos apurados no âmbito
do Legislativo acabem esquecidos
pela opinião pública.
"Cada processo cível, entre agravos e recursos, tem de oito a dez
etapas que podem durar meses e
meses. Daqui a dez anos, o ex-presidente do Banco Central terá 60
anos. Ninguém se lembrará dele. A
menção do nome dele em uma
conversa de bar suscitará a pergunta: "Chico Lopes? Em que posição ele jogava?'"
Ironia à parte, Antonio Ermírio
espera que a CPI, no que diz respeito a Lopes, faça justiça. "Não
quero prejulgar ninguém, mas espero que se faça justiça. Se for culpado tem de pagar pelo erro dele,
se não for tem de sair por cima."
Lula
Luís Inácio Lula da Silva, por
meio de sua assessoria de imprensa, divulgou ontem uma nota criticando a atitude de Lopes. "É lamentável que um homem que comandou a política monetária do
Brasil tome esse tipo de atitude
(não depor)."
Ele disse que a "tática radical"
adotada pelos advogados do ex-presidente do BC o livram de "dizer tudo o que sabe sobre o escândalo dos bancos".
O petista julgou a atitude do economista uma confissão. "Se ele
não quer falar, é porque tem o que
esconder", afirma a nota.
Lula afirma no comunicado que
chegou a hora de a sociedade civil
exigir "a apuração rápida e transparente de um episódio que fez o
Brasil perder bilhões de reais".
Marcílio
O ex-ministro da Economia Marcílio Marques Moreira se disse
"perplexo" com a decisão de Francisco Lopes de não assinar o termo
de compromisso na CPI.
Moreira, foi ministro da Economia durante o governo Collor,
ocupando o cargo durante a CPI
que culminou com o impeachment do então presidente.
Moreira afirmou que esperava
que o ex-presidente do BC pudesse, ontem, ter esclarecido as suspeitas a seu respeito.
Moreira, que hoje ocupa um cargo na iniciativa privada, como
consultor de um dos maiores bancos de investimentos do mundo, o
Merrill Lynch, disse que espera
que o episódio não afete a credibilidade do país no exterior.
Marta Suplicy
A ex-deputada federal Marta Suplicy (PT-SP) considerou ""inacreditável" a recusa do ex-presidente
do BC em prestar depoimento.
""Quando ele se nega a falar, coloca-se como culpado. Fora o desrespeito ao Congresso Nacional e à
população", declarou.
Segundo ela, além de se comprometer de maneira ""irremediável",
Lopes também ""constrangeu" o
governo com sua atitude.
""A situação para o governo se
complica e muito. Lopes demonstrou que tem comprometimento e
que não pode falar. Assim ele compromete também todos os seus defensores", afirmou.
O governador do Rio Grande do
Sul, Olívio Dutra (PT) disse que a
atitude de Lopes compromete o
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
""Com os acontecimentos desta
tarde (de ontem), agrava-se a situação do centro do governo. Lembro que há menos de uma semana,
o presidente Fernando Henrique
colocava a mão no fogo pelo ex-presidente do BC", afirmou.
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