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QUESTÃO AGRÁRIA
Sem-terra querem fecularia
MST prepara reação em fábrica de SP
São José do Rio Preto e Belém
O MST está aumentando o número de acampados e assentados
para resistir a eventual desocupação da fábrica de farinha de mandioca Larreina, em Sandovalina,
no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
O local, que já abriga um acampamento com mais de 200 famílias, recebeu ontem cerca de 200
sem-terra, levados de ônibus de
vários acampamentos.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) diz
que não deixa a fecularia, cujo arrendamento para a Cocamp (cooperativa dos sem-terra) venceu no
dia 30 de março.
O dirigente Cledson Mendes disse que os acampados vão resistir.
""O pessoal está preparado, com
foices, paus, pedras".
A PM tem ordem do juiz Darci
Lopes Beraldo, de Pirapozinho,
para desocupar a fábrica. O comandante da PM na região, major
Amâncio de Camargo Filho, disse
que está colhendo informações para preparar a operação.
O sem-terra Edvaldo Trindade,
54, foi morto com um golpe de faca
domingo à noite no acampamento
que fica na área da Larreina.
O acusado, cujo nome não foi revelado pela polícia, está foragido.
O delegado Marco Antonio Scaliante Fogolin disse que a família
prometeu que ele vai se entregar.
O crime não tem conotação política, diz a polícia, que trabalha com
hipóteses de vingança, queima de
arquivo e legítima defesa.
Marabá
Cerca de 500 sem-terra ligados
ao MST e à Fetagri (Federação dos
Trabalhadores na Agricultura)
montaram ontem um acampamento em frente à sede do Incra de
Marabá.
Os manifestantes reivindicam a
desapropriação de mais de 130
áreas invadidas nos últimos seis
anos por cerca de 25 mil pessoas.
Eles pretendem ainda discutir a
criação de novos assentamentos e
a liberação de recurso financeiro
para os já assentados.
Segundo o coordenador estadual
do MST, Eurival Martins, são esperados até a quarta-feira cerca de 10
mil pessoas no acampamento, representantes de 400 sindicatos e
associações.
Martins, no entanto, disse que os
sem-terra estão tendo dificuldades
para chegar ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) por causa das barreiras da
Polícia Militar nas saídas das cidades e na entrada de Marabá. ""Eles
estão tomando tudo de nós", disse
o sem-terra.
O tenente-coronel Edir Carvalho, do Comando Regional do Sul
do Pará, disse que as barreiras são
de rotina e estão parando os veículos irregulares e caminhões transportando pessoas nas caçambas.
Ele admitiu que os sem-terra estão sendo revistados e os facões e
foices apreendidos. ""Eles não podem entrar na cidade com armas
brancas", disse Carvalho.
Algumas destes manifestantes
devem se unir às 800 famílias
acampadas na praça da Leitura,
em Belém, desde 16 de abril.
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