São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Marqueteiros defendem engajamento do presidente; "Não temos do que nos envergonhar", diz Aníbal

Tucanos querem Serra mais vinculado a FHC

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Integrantes do comando de campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República defenderam ontem o engajamento efetivo do presidente Fernando Henrique Cardoso e do alto escalão da equipe econômica no esforço de levar o tucano ao segundo turno da disputa presidencial. Isso poderia ser feito, inclusive, com a participação do presidente nos programas de TV do tucano.
A sugestão foi feita ontem pelos marqueteiros da campanha de Serra, Nizan Guanaes e Nelson Biondi, e pelo presidente nacional do PSDB, José Aníbal.
"Não temos do que nos envergonhar. O Serra é o candidato do governo, do presidente, do Pedro Malan [ministro da Fazenda] e do Armínio Fraga [presidente do Banco Central], declarou Aníbal, após reunião para definir a estratégia de campanha ontem pela manhã, em um centro de convenções no município de Embu (SP).
Também "internados" no local desde sexta-feira, Guanaes e Biondi declararam que, em toda a propaganda de Serra na TV -seja nos espaços partidários, como ocorrerá nesta semana, seja no horário eleitoral, que começa em agosto-, Serra será apresentado como "candidato do governo".
"Não temos nenhum problema em dizer que o Serra é o candidato do governo. Aliás, é bom ser governo, um governo que tem 40% de aprovação após oito anos de mandato", afirmou Guanaes.
A julgar pelas últimas pesquisas de intenção de voto, Serra não tem conseguido se beneficiar deste nível de aprovação do governo. Ele tem se situado na faixa dos 15% a 20%. Aníbal disse que não há nenhum "dilema" na candidatura tucana entre ser governo ou oposição, como aponta o PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os lulistas avaliam que, ao "colar" o presidenciável à imagem de FHC, podem associar a candidatura ao que qualificam como "fracassos" da atual administração, como as baixas taxas de crescimento, a crise de energia e as acusações de corrupção, cuja investigação foi rotineiramente abafada pelo governo.
No que depender dos tucanos, segundo Aníbal, o próprio PSDB vai reforçar a ligação. "Fernando Henrique não vai sair panfletando, claro, mas vai dar declarações para o Serra. Eventualmente, participar do programa de TV."
Serra tem procurado difundir o bordão "continuidade sem continuísmo", dizendo-se herdeiro do ambiente macroeconômico e da responsabilidade fiscal do atual governo, mas pedindo mudanças no enfoque social. A aparente ambiguidade já levou o ministro Malan a pedir maior comprometimento do presidenciável com as idéias do atual governo.

Nordestino
Segundo os marqueteiros de Serra, os programas do PSDB que vão ao ar nesta semana trarão o perfil do candidato e farão "debate político" -referência aos ataques à suposta inconsistência no discurso petista. "O PT vai puxar para a emoção. A gente vai puxar para a razão", disse Guanaes, referindo-se ao tom emocional do programa de TV de Lula exibido no início do mês.
Também haverá um filme específico para o Nordeste, mostrando "o que Serra já fez pela região". A tentativa é de retirar do pré-candidato a pecha de antinordestino.


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