São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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CIGARRO E CASTIGO

Vigilância Sanitária flagrou Ciro com cigarro aceso em ambiente coletivo, o que legislação proíbe

Ministro sofre repreensão por fumar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O hábito de fumar do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) causou-lhe constrangimentos ontem em uma audiência pública na Câmara. Os poucos segundos em que manteve aceso um cigarro resultaram em uma notificação aplicada na saída da sessão pela Vigilância Sanitária.
Os servidores inspecionavam as dependências da Câmara para fazer cumprir a legislação federal e distrital que proíbe o fumo em ambientes coletivos.
Ciro demonstrou contrariedade assim que foi informado por assessores de que era aguardado por uma fiscal da Vigilância do lado de fora da Comissão da Amazônia, na qual compunha mesa com Marina Silva (Meio Ambiente). Ele disse que acendera o cigarro após ter pedido permissão ao presidente da comissão, Júnior Betão (PPS-AC).
"Se a nossa grande imprensa desejar mais uma vez reduzir esses momentos republicanos extraordinários que vivemos aqui em mesquinharias, não será a primeira vez que fazem isso contra mim", afirmou.
Marina saiu em defesa do colega e disse que Ciro respeita os não-fumantes. "O Ciro fuma, não nega, pára quando puder", disse Marina, arrancando risos.
Ao deixar a sala, Ciro disse à coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Vigilância Sanitária, Mônica Mulser Parada: "Vai ter seu momento de fama, vamos lá, o que você quer?". O corredor estava abarrotado de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. Quando a fiscal começou a dizer que o objetivo não era causar "constrangimento", Ciro a interrompeu: "A senhora já recebeu a informação? A sua Vigilância Sanitária já notificou a Câmara para que ela ordene aqui o que não está ordenado ainda. Deu dez dias, portanto ainda está no prazo".
Sem dar margem à réplica, concluiu: "Não acho que fumar seja um bom hábito. Me desculpe a senhora, meus filhos, minha esposa, mas eu tenho 46 anos de idade, tenho certas fragilidades ainda, nenhuma delas é roubar". "É nosso papel lembrar a importância do cumprimento da lei", disse Parada após Ciro sair. A notificação não tem efeito legal.
No estacionamento da Câmara, o carro oficial que aguardava o ministro estava parado em uma vaga reservada a deficientes físicos. A segurança disse que orientou o carro a parar ali só para apanhar o ministro. (RANIER BRAGON)


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