São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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Lula afirma que viagem define "nova geografia"

DA ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou sua visita à China como o coroamento da política externa de seu governo. Ele disse ainda que encerrará o ciclo de aproximação com outros países em desenvolvimento durante a visita ao Brasil do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em dezembro. "Nós teremos criado então o que chamo de uma nova geografia comercial no mundo", disse o presidente ontem em Xangai, em entrevista coletiva.
O símbolo mais visível dessa "nova geografia" é o G3, grupo que reúne Brasil, África do Sul e Índia, que Lula espera transformar em G5 em "um futuro bem próximo", com a adesão da Rússia e da China.
Mesmo enfatizando que não busca confrontação com os EUA, ele ressaltou que o objetivo dessa política é forçar os países ricos a cederem em questões comerciais, sobretudo nas relativas a subsídios agrícolas. "Toda vez que você fica pedindo para um parceiro fazer concessões, ele só vai fazer concessões se perceber que você tem força política. O que estamos tentando construir é força política capaz de convencer os países ricos a flexibilizar suas políticas protecionistas", disse.
Segundo Lula, a relação comercial do Brasil com os países desenvolvidos já é "muito forte" e tem pouco espaço para se expandir. EUA e União Européia respondem cada um por cerca de 26% das exportações brasileiras, observou Lula. Apesar da avaliação positiva da viagem, ele repetiu várias vezes que o Brasil não quer ser mero exportador de produtos primários para a China -justamente o que mais interessa aos chineses na relação bilateral.
(CLÁUDIA TREVISAN)


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