São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2005

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PAINEL

Aves na gaiola 1
Uma conexão Brasília-Tóquio ajudou o QG governista a conseguir que quatro deputados do PSDB do Ceará aceitassem retirar as assinaturas do requerimento da CPI dos Correios. O pedido veio do governador tucano Lúcio Alcântara, integrante da comitiva de Lula no Japão.

Aves na gaiola 2
Como a operação abafa-CPI fracassou, três tucanos escaparam incógnitos. A exceção foi Ariosto Holanda, que foi até o fim e retirou mesmo a assinatura. O gesto deve apressar sua saída do partido, adiada há meses.

Traição generalizada
As defecções da oposição não se restringiram ao PSDB: ofícios nas mãos do governo contabilizavam cinco pefelistas entre os que desistiriam na última hora.

Não é comigo
Os ministros que comandaram a ação anti-CPI pediram a Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário) e Tarso Genro (Educação) uma ajuda para convencer a esquerda do PT a recuar no apoio à oposição. Eles não se moveram, e João Pedro Stedile, do MST, foi acionado.

Day after
Petistas graúdos diziam ontem que Eduardo Suplicy terá de se submeter às prévias para concorrer à reeleição. Até por conta do horário que o senador escolheu para aderir à CPI, no início da noite de anteontem, eles falam em "ação premeditada".

Meu herói
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) foi das poucas a louvar o gesto de Suplicy: "Só não o beijei porque os fotógrafos e cinegrafistas estavam lá".

À distância
Suplicy também não irá compor a CPI. O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), pretende escalar Ideli Salvati (SC). Aloizio Mercadante diz que não pode integrar a comissão por ser líder do governo.

Ponto estratégico
O esforço do presidente Lula para levar a empresa coreana Posco até o Maranhão depende da Câmara de São Luís. A área escolhida para o pólo siderúrgico é de ocupação rural, e não industrial. A prefeitura já enviou projeto à Casa propondo a alteração da lei de zoneamento.

Cheguei primeiro
A instalação do pólo também esbarra na transferência das 611 famílias que vivem na área. O local é próximo ao porto de Itaqui, estratégico para a exportação. ONGs ambientalistas e líderes sociais criaram o movimento "Reage São Luís" na tentativa de barrar o alteração na lei.

Nome aos bois
O PT comprou briga com o Judiciário em Rondônia. Magistrados querem que o partido aponte onde está a "banda podre" da Justiça no Estado, conforme nota divulgada pelos petistas após os casos de corrupção envolvendo deputados.

Chapéu alheio
O governo baiano viu boquiaberto o comercial do PT que festeja o Estado como campeão em desapropriações para reforma agrária. Paulo Souto (PFL) cedeu funcionários, carros, gasolina e diárias ao Incra, que na Bahia tem só nove agrônomos. Nada disso foi visto na TV.

Fla-Flu
À frente da pasta dos Recursos Hídricos, Mauro Arce não vê problemas em ir até a Assembléia paulista falar sobre a obra contra enchentes no rio Tietê, que anteontem transbordou. O convite partiu do PT. "É preciso parar com a torcida para que as coisas dêem errado", afirmou.

Papéis avulsos
Entre outros pontos, a oposição a Geraldo Alckmin na Assembléia quer saber o motivo de o plano estratégico lançado pelo tucano na terça praticamente desprezar a LDO para 2006.

TIROTEIO

Do senador Cristovam Buarque (DF) sobre seu colega petista Eduardo Suplicy (SP) ter assinado a CPI dos Correios:
-Havia uma decisão tomada por um grupo. Ele passou por cima e fez um anúncio individual, da forma e na hora errada. Nesse momento, desisti de assinar porque pareceria um gesto só de propaganda.

CONTRAPONTO

Em fase de aquecimento

Na tarde de terça-feira, durante a assinatura de empréstimo do Banco Mundial para o Bolsa Família, Pedro Simon (PMDB-RS) propôs ao secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, uma inversão inusitada.
No entender do senador, o governo deveria destinar ao Bolsa Família o volume de recursos que utiliza para pagar juros de sua dívida, e, ao pagamento dos juros, o valor que hoje gasta com esse programa social.
Para fechar a conta de Simon, Eduardo Suplicy (PT-SP), também presente, perguntou a Portugal o tamanho exato do gasto com os juros da dívida:
-U$ 140 bi, U$ 180 bi?
-Ah, eu não saberia precisar agora-, respondeu o secretário-executivo da Fazenda.
-Não sabe ou não quer falar?-, devolveu Suplicy.
Recém-empossado, Portugal se justificou com o petista:
-É que cheguei agora...


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