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GOVERNO SOB PRESSÃO
José Genoino, presidente do PT, diz que parlamentares que assinaram o requerimento da CPI fizeram "uma aliança com o PFL e o PSDB"
Rebelde tem de trocar de partido, diz Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, criticou ontem a atitude dos parlamentares que compõem a base aliada, que, mesmo
após apelos do governo, mantiveram suas assinaturas no pedido
da criação da CPI dos Correios.
"Lugar de quem faz oposição no
governo é a oposição. Tem de
buscar outro partido", afirmou
Dirceu, durante entrevista ao
"Jornal Nacional" da Rede Globo.
O ministro foi um dos articuladores da tentativa do governo para
evitar a criação da comissão.
Em Porto Alegre, o presidente
nacional do PT, José Genoino,
adotou a mesma linha: disse que
os parlamentares petistas que assinaram o requerimento da CPI
são aliados do PSDB e do PFL e fazem oposição ao governo Lula.
""Eles preferiram uma aliança
com o PFL e o PSDB. São caudatários de uma aliança entre o PFL e
o PSDB. Escolheram o caminho
de se distanciar, de fazer oposição
ao governo, de construir um núcleo próprio, separado da bancada. Sabemos agora quantos deputados da bancada do PT apóiam o
governo", afirmou Genoino.
Questionado a respeito de uma
eventual punição aos petistas dissidentes, Genoino evitou o assunto, mas não chegou a descartar essa possibilidade. ""Isso não está na
nossa agenda. Eles escolheram
um caminho unilateral, de dissidência e desrespeito ao partido, à
bancada e ao governo. Não sei o
que vão fazer. Aí, não é comigo.
Não vou transformá-los em vítimas. A vítima, nesse caso, é o desrespeito à decisão do Diretório
Nacional, à maioria da bancada e
ao governo", afirmou.
"Quem está sendo vítima não
são os 11 deputados e o senador
[Eduardo] Suplicy [PT-SP], é a
maioria do partido, da bancada e
do governo", disse Genoino, que
esteve em Porto Alegre para o lançamento da candidatura do deputado estadual Estilac Xavier à presidência estadual do PT.
Em razão do comportamento
dos petistas dissidentes, Genoino
disse não ser possível culpar aliados de outros partidos que apoiaram a CPI. Demonstrando contrariedade especialmente em relação ao comportamento de Suplicy, ele afirmou que o senador
paulista "assumiu o compromisso de defender a resolução do Diretório Nacional, assumiu um documento com a bancada, de que
não faria nada sozinho" -o que,
segundo Genoino, não ocorreu.
Sobre Suplicy ter dito que corria
o risco de não ser o candidato petista ao Senado por São Paulo, em
2006, o presidente do PT afirmou
que ele "fica projetando coisa que
ninguém discutiu". Disse que isso
é "uma hipótese que não existe" e
definiu tal possibilidade como
"uma fantasia". ""Ele [Suplicy]
que deixe de ser vítima", afirmou.
Genoino procurou, reiteradamente, dizer que o PT confia nas
investigações feitas pelo governo,
sobretudo pela Polícia Federal.
"Essa CPI nasceu com o DNA tucano-pefelê, de fazer palanque
político para desgastar o governo.
O que eles menos querem é combater irregularidades. Os tucanos
e o PFL engavetaram a maioria
das CPIs, com coisas graves."
Genoino disse não haver constrangimento em defender o presidente nacional do PTB, Roberto
Jefferson, ex-integrante da chamada "tropa de choque" do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992). "Ele se notabilizou por fazer parte da tropa de
choque, mas foi investigado", disse. Questionado sobre qual foi o
resultado dessa investigação, recomendou que se procure no
Congresso a conclusão da CPI sobre o esquema PC Farias.
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