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Lista detalha envio de R$ 1 mi a deputados
Empresa suspeita de comandar esquema dos "sanguessugas" registrou pagamentos a 13 parlamentares em 2001 e 2002
Documentação analisada pela PF e pela Corregedoria da Câmara mostra também pagamentos a assessores, sem nomes de congressistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os 13 deputados federais listados na contabilidade da Planam, suspeita de comandar a
fraude dos "sanguessugas", teriam recebido quase R$ 1 milhão da empresa em 2001 e
2002, segundo documentação
analisada pela Polícia Federal e
pela Corregedoria da Câmara.
Há ainda os nomes de vários
ex-parlamentares, deputados
estaduais e prefeitos que teriam se beneficiado.
De acordo com a contabilidade, a que a Folha teve acesso, os
13 recebiam pagamentos por
meio de dinheiro, depósito
bancário ou cheques, em um
total de R$ 990 mil, sendo que
alguns teriam leasing de veículo pago pela empresa.
O esquema dos "sanguessugas" veio à tona por meio de investigação da PF. A fraude consistiria no desvio de verbas do
Orçamento da União para a
aquisição, por prefeituras, de
ambulâncias superfaturadas.
Os recursos eram alocados no
Orçamento por meio de emendas feitas por deputados e senadores.
O caso foi parar no Congresso, que iniciou uma investigação, mas acabou desistindo devido à pressão dos acusados.
A contabilidade e gravações
telefônicas feitas pela PF durante as investigações são analisadas agora pelo procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza. Segundo congressistas, ele afirmou que
apresentará na próxima semana as primeiras denúncias
(acusação formal) ao Supremo
Tribunal Federal contra os
parlamentares suspeitos.
Durante os 15 dias em que investigou o caso, a Corregedoria
da Câmara reuniu indícios de
envolvimento contra 45 parlamentares.
Mesa
Entre os 13 deputados que teriam recebido propina da Planam, estão dois integrantes da
Mesa, Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º secretário, e João Caldas (PL-AL), 4º secretário. Capixaba seria o que mais recebeu, com registro de depósitos
e pagamentos a assessores que
somam R$ 379 mil. Caldas teria
recebido R$ 52 mil.
Além deles, há ex-líderes de
bancada, como Pedro Henry
(PP-MT), o segundo com o
maior valor registrado, R$ 174
mil, e Paulo Baltazar (PSB-RJ),
com R$ 87,5 mil.
A Folha apurou que os quatro devem integrar a primeira
leva de denúncias que está sendo preparada pelo procurador-geral. Quando isso ocorrer, a
Câmara promete retomar a investigação que, em tese, pode
resultar em cassações.
Mais envolvidos
A análise da contabilidade da
empresa não permite saber o
real número de supostos envolvidos. Às vezes, os registros não
são claros, além de haver pagamentos assinalados a diversos
assessores sem que o nome do
parlamentar esteja presente.
Outro indicador: em determinado ponto dos documentos, há o registro "depósito a
Marco A. Lopes -diversos parlamentares", dando a entender
que essa pessoa seria uma das
responsáveis por distribuir a
propina entre os congressistas.
(ANDRÉA MICHAEL, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)
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