São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lista detalha envio de R$ 1 mi a deputados

Empresa suspeita de comandar esquema dos "sanguessugas" registrou pagamentos a 13 parlamentares em 2001 e 2002

Documentação analisada pela PF e pela Corregedoria da Câmara mostra também pagamentos a assessores, sem nomes de congressistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os 13 deputados federais listados na contabilidade da Planam, suspeita de comandar a fraude dos "sanguessugas", teriam recebido quase R$ 1 milhão da empresa em 2001 e 2002, segundo documentação analisada pela Polícia Federal e pela Corregedoria da Câmara.
Há ainda os nomes de vários ex-parlamentares, deputados estaduais e prefeitos que teriam se beneficiado.
De acordo com a contabilidade, a que a Folha teve acesso, os 13 recebiam pagamentos por meio de dinheiro, depósito bancário ou cheques, em um total de R$ 990 mil, sendo que alguns teriam leasing de veículo pago pela empresa.
O esquema dos "sanguessugas" veio à tona por meio de investigação da PF. A fraude consistiria no desvio de verbas do Orçamento da União para a aquisição, por prefeituras, de ambulâncias superfaturadas. Os recursos eram alocados no Orçamento por meio de emendas feitas por deputados e senadores.
O caso foi parar no Congresso, que iniciou uma investigação, mas acabou desistindo devido à pressão dos acusados.
A contabilidade e gravações telefônicas feitas pela PF durante as investigações são analisadas agora pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. Segundo congressistas, ele afirmou que apresentará na próxima semana as primeiras denúncias (acusação formal) ao Supremo Tribunal Federal contra os parlamentares suspeitos.
Durante os 15 dias em que investigou o caso, a Corregedoria da Câmara reuniu indícios de envolvimento contra 45 parlamentares.

Mesa
Entre os 13 deputados que teriam recebido propina da Planam, estão dois integrantes da Mesa, Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º secretário, e João Caldas (PL-AL), 4º secretário. Capixaba seria o que mais recebeu, com registro de depósitos e pagamentos a assessores que somam R$ 379 mil. Caldas teria recebido R$ 52 mil.
Além deles, há ex-líderes de bancada, como Pedro Henry (PP-MT), o segundo com o maior valor registrado, R$ 174 mil, e Paulo Baltazar (PSB-RJ), com R$ 87,5 mil.
A Folha apurou que os quatro devem integrar a primeira leva de denúncias que está sendo preparada pelo procurador-geral. Quando isso ocorrer, a Câmara promete retomar a investigação que, em tese, pode resultar em cassações.

Mais envolvidos
A análise da contabilidade da empresa não permite saber o real número de supostos envolvidos. Às vezes, os registros não são claros, além de haver pagamentos assinalados a diversos assessores sem que o nome do parlamentar esteja presente.
Outro indicador: em determinado ponto dos documentos, há o registro "depósito a Marco A. Lopes -diversos parlamentares", dando a entender que essa pessoa seria uma das responsáveis por distribuir a propina entre os congressistas.
(ANDRÉA MICHAEL, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)


Texto Anterior: Imprensa: Justiça manda tirar "Folha do Amapá" do ar
Próximo Texto: O esquema
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.