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Dirceu vai ao Supremo informar novo endereço
STF não aproveita oportunidade para notificá-lo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-deputado petista e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) para informar pessoalmente ao relator do inquérito criminal do
mensalão, ministro Joaquim
Barbosa, os seus novos endereços residencial e comercial, em
São Paulo.
Com esse gesto, Dirceu procurou se mostrar disposto a colaborar com a investigação, em
que figura como o principal alvo, dentre 40 nomes. Anteontem, Barbosa disse que Dirceu
ainda não havia sido notificado
por dificuldade em encontrá-lo
no endereço de Brasília, indicado pela Procuradoria Geral da
República na denúncia.
O ministro, entretanto, não
aproveitou a oportunidade para determinar a um oficial de
justiça do STF que notificasse
Dirceu em seu próprio gabinete. A partir da notificação, ele
terá 15 dias de prazo para a
apresentação da defesa prévia.
A iniciativa do ex-deputado
petista, de ir pessoalmente ao
STF, e a atitude de Barbosa, de
recebê-lo sem notificá-lo, surpreenderam outros ministros.
Para eles, o episódio é negativo
para a imagem do tribunal.
Após ser formalmente comunicado dos novos endereços de
Dirceu, o ministro ordenou o
envio à Justiça Federal de São
Paulo de carta de ordem para
que ele seja notificado na cidade. O ex-deputado mudou-se
de Brasília após ter o mandato
cassado pela Câmara, em 1º de
dezembro de 2005.
Dirceu foi acusado, em processo no Conselho de Ética, de
ter mantido poderes sobre a direção do PT mesmo após ter
deixado a presidência do partido em 2002. A CPI dos Correios o aponta como um dos
mentores do mensalão.
A Folha não conseguiu ouvir
o ministro ontem.
Até anteontem, os oficiais de
justiça do STF também não haviam conseguido notificar o deputado José Janene (PP-PR) e
os ex-deputados Paulo Rocha
(PT-PA), que renunciou, e Pedro Corrêa (PP-PE), que teve o
mandato cassado.
Anteontem, o ministro do
STF também revelou que o
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza,
pediu duas vezes neste ano a
prisão de vários investigados
nesse inquérito e sugeriu que
Dirceu poderia ser um deles.
Ele negou os pedidos afirmando que não havia requisitos para a prisão preventiva.
(SILVANA DE FREITAS)
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