São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

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Dirceu vai ao Supremo informar novo endereço

STF não aproveita oportunidade para notificá-lo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-deputado petista e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) para informar pessoalmente ao relator do inquérito criminal do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, os seus novos endereços residencial e comercial, em São Paulo.
Com esse gesto, Dirceu procurou se mostrar disposto a colaborar com a investigação, em que figura como o principal alvo, dentre 40 nomes. Anteontem, Barbosa disse que Dirceu ainda não havia sido notificado por dificuldade em encontrá-lo no endereço de Brasília, indicado pela Procuradoria Geral da República na denúncia.
O ministro, entretanto, não aproveitou a oportunidade para determinar a um oficial de justiça do STF que notificasse Dirceu em seu próprio gabinete. A partir da notificação, ele terá 15 dias de prazo para a apresentação da defesa prévia.
A iniciativa do ex-deputado petista, de ir pessoalmente ao STF, e a atitude de Barbosa, de recebê-lo sem notificá-lo, surpreenderam outros ministros. Para eles, o episódio é negativo para a imagem do tribunal.
Após ser formalmente comunicado dos novos endereços de Dirceu, o ministro ordenou o envio à Justiça Federal de São Paulo de carta de ordem para que ele seja notificado na cidade. O ex-deputado mudou-se de Brasília após ter o mandato cassado pela Câmara, em 1º de dezembro de 2005.
Dirceu foi acusado, em processo no Conselho de Ética, de ter mantido poderes sobre a direção do PT mesmo após ter deixado a presidência do partido em 2002. A CPI dos Correios o aponta como um dos mentores do mensalão.
A Folha não conseguiu ouvir o ministro ontem.
Até anteontem, os oficiais de justiça do STF também não haviam conseguido notificar o deputado José Janene (PP-PR) e os ex-deputados Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou, e Pedro Corrêa (PP-PE), que teve o mandato cassado.
Anteontem, o ministro do STF também revelou que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu duas vezes neste ano a prisão de vários investigados nesse inquérito e sugeriu que Dirceu poderia ser um deles. Ele negou os pedidos afirmando que não havia requisitos para a prisão preventiva.
(SILVANA DE FREITAS)


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